São Paulo, quinta-feira, 26 de janeiro de 1995
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Indústria de consumo investe US$ 2,3 bi

CRISTIANE PERINI LUCCHESI; FÁTIMA FERNANDES; JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA; MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

A indústria de bens de consumo vai investir pelo menos US$ 2,3 bilhões neste ano, segundo levantamento feito pela Folha junto a 14 empresas.
Para elas, a estabilização da economia depende da realização das reformas fiscal e tributária.
O que anima os empresários neste momento é o crescimento do consumo desde o Plano Real.
Os negócios têm se mantido aquecidos até mesmo neste mês –normalmente fraco de vendas.
A oferta de calçados, eletroeletrônicos, bebidas, alimentos, higiene e limpeza, bicicletas, móveis, cerâmicas e automóveis deve crescer de 5% a 30%, em média.
"O mundo inteiro está de olho no consumidor brasileiro que só não vai comprar se o governo não consolidar a estabilização da economia", diz Antonio Carlos Romanoski, diretor superintendente da Refripar.
Para ele, esta é uma hipótese remota. Tanto que a empresa, que comercializa a marca Prosdócimo, aposta no aumento de até 20% nas vendas de lavadoras automáticas de roupas neste ano.
A Incepa, fabricante de pisos, azulejos e louças sanitárias, aposta que as vendas crescem mais ainda neste ano: 30% sobre 1994.
A empresa já está com a produção vendida até fevereiro. "Isto não acontecia desde 1986, época do Plano Cruzado", diz Augusto da Costa Ávila, presidente.
Os fabricantes de sapatos que vendem principalmente para o mercado interno estão também animados com o ritmo de vendas.
A Grendene, por exemplo, vai dobrar a produção de calçados –de 8 milhões para 16 milhões de pares da marca Melissa.
"Apostamos mesmo é no consumo popular", afirma Marcius Dalbó, diretor.
Quem exporta, não está tão otimista. A Sândalo, fabricante de calçados masculinos, de Franca (SP), vai aguardar um pouco mais para deslanchar investimentos.
"O novo governo só tem 16 dias úteis no poder", diz Carlos Alberto Brigagão, diretor.
A Sadia, do setor de alimentos, pretende reduzir as exportações para atender ao mercado interno, afirma Luiz Furlan, presidente do conselho de administração.
Outra gigante do ramo alimentício –a Gessy Lever– prevê para este ano consumo moderado.
"Vendemos 10% mais do que em 1994. A estimativa para 1995 é a de crescer mais 5% a 6%", afirma Ronald Rodrigues, diretor. A diretoria da empresa leva em conta a conjuntura econômica e política.
Luiz Pett, diretor da Securit, não arrisca fazer previsões para o ano todo. Trabalha hoje no curto prazo. Ele estima faturamento 40% maior no primeiro trimestre sobre igual período de 1994.
"Estamos em compasso de espera. Vamos observar o comportamento do consumidor nos primeiros três meses do ano. Só a partir de abril deslanchamos investimentos", diz José Vicente Messiano, diretor da Caloi.

(Cristiane Perini Lucchesi, Fátima Fernandes, João Carlos de Oliveira e Márcia de Chiara)

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