São Paulo, quinta-feira, 26 de janeiro de 1995
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Grupo propõe flexibilizar não-intervenção

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL A DAVOS

Já na abertura, hoje à noite, o Fórum de Davos será palco do lançamento de um tema destinado a causar enorme polêmica.
O primeiro-ministro sueco, Ingvar Carlsson, e Shridat Ramphal, co-presidentes da comissão da ONU batizada de "Governo Global", apresentarão seu relatório.
Nele, Carlsson e Ramphal proporão emenda à Carta das Nações Unidas que, na prática, limita o arraigado conceito de não-intervenção de outros países em assuntos internos de uma dada nação.
"Tal emenda permitiria ação internacional em casos que, no julgamento do Conselho de Segurança, constituem tão grave violação da segurança do povo que uma resposta internacional é exigida por motivos humanitários", antecipou Carlsson (social-democrata) em artigo publicado ontem no "International Herald Tribune".
Ele defende a necessidade de se equiparar a preocupação "com a segurança do povo com a segurança dos Estados".
A Comissão, de 28 membros, foi criada em 1992 por sugestão do grande papa da social-democracia alemã, Willy Brandt, já morto. Sua proposta nasce de uma sucessão de massacres.
O próprio Carlsson listou Haiti, Ruanda, Somália, Bósnia e Tchechênia entre casos que afetaram "milhões de pessoas que vivem no meio de linhas divisórias étnicas, religiosas ou econômicas".
A proposta certamente terá apoio de grupos humanitários, a julgar pela avaliação do grupo MSF (Médicos Sem Fronteiras).
O secretário-geral do Escritório Internacional dos MSF, Alain Destexhe, lembrou que o mundo só tomou conhecimento depois da guerra dos horrores de campos de concentração como Auschwitz, cujo 50º aniversário de libertação está sendo celebrado agora.
Mas, no caso de Ruanda, o mundo viu inerme pela TV "o massacre totalmente impune de entre 500 mil e 1 milhão de tutsis (etnia ruandesa minoritária)", diz Destexhe.

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