São Paulo, quinta-feira, 26 de janeiro de 1995
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Suíça discute pontos críticos do mundo

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A DAVOS

Todos os pontos "quentes" do mundo, no momento, estarão presentes, a partir de hoje e até terça-feira, no Centro de Congressos da cidadezinha de Davos, plantada na neve dos Alpes suíços.
É a 25ª edição do Fórum Econômico Mundial, que, em todo mês de janeiro, produz a maior concentração de personalidades que o mundo pode conceber.
O tema deste ano ("Desafios além do Crescimento") é suficientemente genérico para permitir um desfile de países críticos pelos salões do Centro de Congressos.
Exemplos principais:
1 - O México, epicentro do mais recente terremoto financeiro no mundo, mandou seu chanceler José Angel Gurria para tentar acalmar o mundo do dinheiro.
2 - A Argentina, tida como eventual futuro dominó da crise financeira mexicana, despachou de uma só vez o presidente, Carlos Menem, o ministro da Economia, Domingo Cavallo, e o chanceler, Guido di Tella.
Aliás, no sábado, di Tella, Gurria e a ministra brasileira da Indústria e Comércio, Dorothéa Werneck, compartilharão a mesma mesa para debater "Teoria, Realidade e Grandes Expectativas: Desenvolvimento Econômico na América Latina".
3 - A China, maior receptora de capitais privados do mundo em desenvolvimento, enviou, entre outros, Zhu Rongji, seu principal ministro econômico. Vai tentar demonstrar que a morte de Deng Xiaoping, 90, que se suspeita iminente, não causará turbulências que possam afugentar o capital.
4 - O Irã, agora listado pelos Estados Unidos como suposto maior suporte ao terrorismo islâmico, também está representado por quatro funcionários de primeiro escalão, entre eles Mohammad Hossein Adeli, principal assessor econômico da Presidência.
Aliás, "Islamismo Político", outro foco de turbulência, é tema de mesa-redonda específica.
5 - Boris Ieltsin, o presidente russo, cancelou a vinda, atolado na crise da Tchechênia. Mas virá um lote de personalidades russas, entre elas o vice-primeiro-ministro Anatoli Chubais.
Sua missão, já antecipada, é garantir que nem a Tchechênia nem coisa alguma afastarão a Russia das reformas rumo ao capitalismo.
6 - A Palestina, de novo alçada a "ponto quente" pela bomba de domingo perto de Tel-Aviv, ganha discussão sobre sua economia, com a presença de Ahmed Qurie, ministro de Economia, Indústria e Comércio da Autoridade Palestina.
Até o presidente norte-americano Bill Clinton, acuado pelo novo Congresso de maioria republicana, comparece, ao menos pela TV, em transmissão via satélite, com direito a debate, a partir de 20h de hoje (17h em Brasília).
Agenda e personalidades tão diversificadas, no fundo, representam a comprovação prática da tese de Klaus Schwab, o empresário suíço que criou o Fórum.
"Foi chique fazer a paz, mas agora o que significa manter o esforço de paz?", pergunta Schwab.
Ele ensaia um esqueleto de resposta: "Para manter a paz, uma estratégia econômica viável tem que ser implementada e a comunidade de negócios a ela integrada".
Nos próximos seis dias, os participantes do Fórum tentarão dar mais carne ao esqueleto de resposta proposto por Schwab.

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