São Paulo, quinta-feira, 26 de janeiro de 1995
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Música motiva orgulho nacional cabo-verdiano

MANOEL DIRCEU MARTINS
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Pergunte pelos motivos de orgulho nacional em Cabo Verde. Com certeza, a música constará em todas as respostas.
A morna, ritmo lento e triste entre o fado e o samba-canção, é atualmente tão importante para os cabo-verdianos quanto a bossa nova foi para o Brasil.
Localizada na ilha de São Vicente, Mindelo, a segunda maior cidade do país, é o maior reduto da morna e da coladeira –tipo de música mais rápida e dançante.
Como capital, Praia tem boa vida noturna até por obrigação. Os barzinhos no centro da cidade tocam também a mazurca instrumental, o batuco e o funaná, também originários de São Vicente.
No ano passado, a cantora Elba Ramalho participou do Festival da Baía das Gatas, em São Vicente. Além de representar o Brasil no "MiniWoodstock", Elba estendeu a programação para cantar no Beleza-Morna Jazz, o "point" mais badalado do arquipélago.
Os bares cabo-verdianos apresentam música ao vivo durante o ano todo. As apresentações musicais são acompanhadas por boas doses de grogue (aguardente misturada com açúcar, água quente e suco de limão) ou uísque escocês, uma paixão dos boêmios locais herdada dos colonos ingleses.
Alguns artistas vêm conquistando o mercado internacional, como os grupos Os Tubarões e Finacon e o instrumentista Bau.
Cesaria Evora é a mais conhecida no exterior, com cinco álbuns gravados na Europa.
Em maio de 94, ela cantou no Sesc-Pompéia em São Paulo ao lado de Caetano Veloso, que confessou tê-la como uma de suas musas.
Em suas entrevistas no Brasil, Evora disse que conhece a música brasileira da forma mais detalhada possível. Sobre seu repertório, ela afirmou que as mornas que canta se parecem mais com o samba-canção brasileiro do que com o fado português.
"O samba de Lupicínio Rodrigues me acompanha desde criança", disse.
Evora é uma exceção no mundo artístico cabo-verdiano. Os músicos de lá são obrigados a enfrentar problemas de infra-estrutura primários. Um deles é a inexistência de estúdios de gravação no arquipélago.
(MDM)

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