São Paulo, sábado, 28 de janeiro de 1995
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Tucanos criticam propostas do governo

SILVANA QUAGLIO; GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso terá que negociar com seu próprio partido, o PSDB, o conteúdo das reformas que pretende implementar na Constituição.
Apesar de concordar com a necessidade de mudanças, os parlamentares tucanos deixaram claro que vão discutir cada proposta.
A bancada tucana se reuniu ontem com os ministros Nelson Jobim (Justiça), José Serra (Planejamento), Pedro Malan (Fazenda), Luiz Carlos Bresser Pereira (Administração) e Reinhold Stephanes (Previdência).
"Queremos uma bancada unida", disse o senador eleito Sérgio Machado (CE), provável líder do PSDB. "Mas não há como obrigar a votação conjunta quando o assunto não for programático."
Entre os temas que não constam do programa do PSDB, Machado citou dois considerados essenciais pelo governo –reforma da Previdência e o fim da estabilidade do funcionalismo público.
A flexibilização do monopólio também gera divergências. O deputado eleito Almino Affonso (SP) e o deputado Domingos Leonelli (BA), por exemplo, se intitularam "nacionalistas convictos".
"A área que mais foi questionada foi a do monopólio", resumiu após a reunião o deputado José Aníbal (SP), candidato a líder do PSDB na Câmara, que é favorável à flexibilização.
A melhor definição da articulação que o governo terá que fazer para convencer sua bancada a aprovar as reformas foi dada pelo senador eleito Artur Virgílio (AM): "O governo tem que negociar e ter uma paciência de Jó".
Malan, por sua vez, recorreu ao escritor Nélson Rodrigues para afirmar que o governo não teme discordâncias: "Toda a unanimidade é burra". Foi a mesma linha adotada pelo presidente do PSDB, Pimenta da Veiga: "Consenso não significa unanimidade".
A bancada do PSDB sofrerá uma renovação de cerca de 2/3 na próxima legislatura, que tomará posse no dia 1º de fevereiro. O partido tem a terceira maior bancada da Câmara e do Senado, ficando atrás do PMDB e do PFL.
O deputado Ubiratan Aguiar (CE) defende o fim da estabilidade do funcionalismo, desde que os direitos adquiridos sejam respeitados. "Você violar toda uma regra já estabelecida é uma violência".
Já o deputado eleito Franco Montoro (SP) foi mais além. "Tenho uma proposta própria para a Previdência, que é a criação de uma comissão para administrar o setor, com a participação do governo, trabalhadores e empresas".
Os ministros apresentaram as mesmas propostas que haviam exposto anteontem para os parlamentares do PMDB. Mais uma vez, o governo não detalhou o que quer mudar na área tributária.
Para o deputado eleito Antônio Kandir (SP) a estratégia do governo é não criar conflitos antecipados com governadores e prefeitos. "União, Estados e municípios têm problemas diferentes com relação à questão tributária e é mais complicado chegar a um consenso".

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