São Paulo, sábado, 28 de janeiro de 1995
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PT critica imobilismo e pede reforma tributária

DA REPORTAGEM LOCAL

A Executiva Nacional do PT divulgou ontem o primeiro documento político do partido em oposição ao governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, cobrando a realização de uma reforma tributária.
No documento, o PT afirma que o governo está pregando a urgência da reforma constitucional para tentar "justificar seu imobilismo".
Para os petistas, a intenção é consolidar no país um modelo econômico "neoliberal" que já "quebrou" o México e poderia levar a Argentina à "bancarrota".
O partido propõe um outro tipo de discussão, reconhecendo a necessidade de reformas. Os petistas priorizam a reforma tributária e pregam uma revisão da política cambial, uma "racionalização" da abertura econômica do país, mudanças no sistema financeiro.
Além disso, eles defendem a realização de uma reforma agrária e urbana, pedem a "democratização" dos meios de comunicação e mudanças no Judiciário.
Segundo o presidente do partido, Rui Falcão, os petistas pretendem criar um bloco de oposição ao governo. Segundo ele, o PDT, os partidos que estiveram coligados ao PT na eleição do ano passado –PC do B, PSB, PPS, PV, PSTU e PC– e "setores descontentes" de outras legendas poderão integrar essa frente.
Os contatos com os outros partidos devem começar já na próxima semana. O principal líder do partido, Luiz Inácio Lula da Silva, deverá participar pessoalmente desse esforço. Uma das primeiras metas desse bloco seria promover uma campanha nacional contra o provável veto FHC ao salário mínimo de R$ 100.
Falcão não quis comentar as propostas do governo para a reforma constitucional, apresentadas anteontem pelo ministro do Planejamento, José Serra.
Entre as propostas estão a possibilidade para a falência e concordata de empresas estatais e a flexibilização do monopólio estatal sobre o petróleo e as telecomunicações. Segundo Falcão, isso pode ser um "balão de ensaio".
Ele negou a existência de desentendimentos entre a bancada federal e a direção petista.
Na terça-feira, o líder do PT na Câmara, José Fortunati (RS), afirmou que o partido admitiria a possibilidade de discutir a flexibilização de monopólios. Ontem, Falcão disse que Fortunati telefonou para membros da Executiva, desmentindo as declarações.
A CUT (Central Única dos Trabalhadores) está planejando fazer uma manifestação em Brasília contra as reformas constitucionais pretendidas pelo governo no dia 1º de fevereiro, posse do novo Congresso.

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