São Paulo, sábado, 28 de janeiro de 1995
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FHC se nega a dar respostas em português a brasileiros

WILLIAM FRANÇA; PAULO SILVA PINTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso , 63, respondeu ontem, em inglês e francês, a várias perguntas de jornalistas canadenses. Aos jornalistas brasileiros, o presidente se negou a dar qualquer resposta, em qualquer língua, sobre questões nacionais.
FHC, cientista social e professor aposentado da Universidade de São Paulo, reassumiu ontem, por alguns instantes, a velha função, só que, agora, como mestre de línguas estrangeiras.
A um repórter brasileiro que se aventurou a fazer uma pergunta em inglês sobre a decisão do governo de vetar o salário mínimo, o presidente respondeu: "É melhor você melhorar o seu inglês". E virou as costas, rindo.
O dia de respostas bilíngues foi proporcionado pelo visita ao Brasil do primeiro ministro do Canadá, Jean Crétien, com quem o presidente só falou em francês (leia reportagem sobre o encontro à página 3-5). O premier canadense é de Québec, região de colonização francesa.
Em português, lacônico
No Planalto, o presidente evitou contato com a imprensa brasileira. "Bom dia, que bom que vocês acompanharam as assinaturas dos acordos", brincou, descartando, de imediato, qualquer conversa.
Logo em seguida, ao pé da rampa interna do Palácio, FHC foi abordado por jornalistas canadenses. Respondeu a três perguntas sobre o encontro, em inglês. Quando uma repórter brasileira perguntou sobre o mesmo tema, em português, disse lacônico: "Foi positivo".
Em seguida, o presidente fez reparos à pronúncia do repórter brasileiro.
Mais tarde, já no Palácio do Itamaraty, o presidente voltou a responder as perguntas dos jornalistas canadenses. Desta vez, FHC optou por falar apenas francês.
O que podia
Aos brasileiros a ordem foi clara: o presidente só responderia questões relativas aos acordos com o Canadá.
Para os canadenses, no entanto, FHC falou, em francês, sobre Direitos Humanos: disse que o Brasil está à frente de muitos países do Primeiro Mundo na defesa dos direitos humanos.
Sobre a reforma constitucional pretendida pelo governo, afirmou que não há oposição porque todos os partidos concordam em muitos pontos.

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