São Paulo, sábado, 28 de janeiro de 1995
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Criminalidade cresce após ações militares

DANIELA RIBEIRO
DA SUCURSAL DO RIO

A média de assaltos a banco e sequestros aumentou nos últimos três meses no Rio, período em que vem sendo realizada a Operação Rio. A operação, de combate à criminalidade, foi firmada a partir de um convênio entre o governo do Estado e as Forças Armadas, assinado em 31 de outubro.
O roubo de carros, que experimentava queda desde então, voltou a crescer este mês. Os dados são da Polícia Civil do Rio.
O número de assaltos a bancos, de novembro até 25 de janeiro, aumentou 15% em comparação aos três meses que antecederam a Operação Rio.
Enquanto a média de assaltos entre agosto e outubro foi de 33 casos mensais, de novembro até o último dia 25 esta média subiu para 38 assaltos, segundo estatística da Polícia Civil.
O aumento foi confirmado pelo presidente interino da comissão de segurança bancária, Antonio de Lima Cleto.
A média de roubos e furtos de carros também aumentou. O número de carros roubados por dia na cidade nestes primeiros 25 dias de janeiro (154,76), foi maior que o mesmo número de outubro (148), anterior à Operação Rio.
Este aumento representa um pulo de 56,38% em relação a dezembro, quando foram roubados 2.474 carros. Os roubos e furtos de carros haviam registrado queda de 33% na virada do último mês.
Nos últimos três meses, os roubos de carros haviam baixado 30,70%, comparando estes três meses incompletos ao período de agosto a outubro.
A média de sequestros nestes três meses incompletos foi de 11 casos, maior que a média de 6,6 casos ocorridos nos três meses anteriores à operação de combate ao crime organizado. Um aumento de 72%.
O número de sequestros, depois do "boom" de novembro (23 sequestros), não cresceu muito em janeiro (6 casos até o dia 25), comparado a dezembro (4 casos).
O número de sequestros dos últimos três meses superou o dobro do mesmo número neste período há um ano: 33 contra 14.
Os assaltos a banco quase dobraram: de 60 (novembro de 93 a janeiro de 94) passaram a 114, um ano depois.
Para o diretor do Departamento de Polícia Especializada, Rafic Louzada, 55, o fenômeno é o que se costuma chamar de "migração da malha da criminalidade".
"Como os soldados do Exército foram para o morro e sufocaram o tráfico, os traficantes procuraram outras formas de ganhar dinheiro", disse o delegado.

Mortes
A guerra do tráfico no complexo do Alemão deixou mais três mortos na madrugada de ontem. Os corpos não foram identificados.
Os corpos foram encontrados na avenida Automóvel Clube, próximo à estação do metrô de Inhaúma (zona norte), bairro onde está situado o morro do Alemão. Eles aparentavam entre 20 e 35 anos e tinham vários tiros.

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