São Paulo, sábado, 28 de janeiro de 1995
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Crise financeira vitima clubes que refrearam modernização

DA REPORTAGEM LOCAL E DA FOLHA NORTE

Alguns clubes paulistas chegam ao Estadual atravessando problemas financeiros. Eles não admitem ser tratados como falidos, mas têm cancelado ou adiado projetos por falta de dinheiro.
O caso mais famoso é o do Santos. Uma das duas equipes que conquistaram os títulos mais importantes no Estado (a outra é o São Paulo), o Santos está liquidando o time, por falta de dinheiro para pagar bons salários.
A prioridade do "projeto pé-no-chão", nome da filosofia implantada pelo presidente do Santos, Samir Jorge Abdul-Hak, é dotar o clube de uma infra-estrutura comparável a São Paulo, Corinthians e Palmeiras.
Quer criar um centro de treinamento, remodelar a Vila Belmiro, e informatizar a administração.
Mas o time não tem dinheiro em caixa. Ao contrário, possui uma dívida de US$ 1,3 milhão, causada por irregularidades no Telebingo do Peixe na gestão do ex-presidente Miguel Kodja Neto.
"Essa dívida é administrável, mas não é nossa prioridade pagá-la", diz Abdul-Hak.
Por isso, a diretoria decidiu fazer uma auditoria para apurar a culpa pelo prejuízo. Dependendo do resultado, pode dar um calote nas empresas a quem deve e mandá-las cobrarem de Kodja.
Para conter gastos, a diretoria resolveu fixar em R$ 10 mil o salário-teto do clube –um terço do que ganha, por exemplo, o corintiano Marcelinho.
Por esse motivo, o meia Neto, o lateral Índio e o volante Dinho foram vendidos. Os atacantes Paulinho Kobayashi e Guga, que têm passe livre, deixaram o clube.
O volante Gallo, o lateral-esquerdo Silva e o meia Ranielli não renovaram contrato.
O clube não tem ilusões neste campeonato. Se passar à segunda fase, será uma vitória.
O América de São José de Rio Preto vive situação semelhante.
Para o Paulista, o clube só contratou um jogador, o lateral-esquerdo Robinson, e ainda por empréstimo (US$ 30 mil). Segundo a própria diretoria do clube, foi por falta de dinheiro.
A falta de recursos impede também que o América termine o estádio Benedito Teixeira, para cerca de 65 mil pessoas, em obras desde 1980.
No atual estádio, o Mário Alves Mendonça, cabem 15 mil pessoas, metade da capacidade do estádio Anísio Haddad, do Rio Preto, que está no grupo A-2.

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