São Paulo, sábado, 28 de janeiro de 1995
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Grandes mantêm a hegemonia

ALBERTO HELENA JR.

De qualquer forma, o campeonato será um processo de adaptação para todos eles. Logo, o Palmeiras sai em desvantagem.
O que não quer dizer que não possa recuperar-se ao longo do certame. Afinal o torneio não será disputado pela fórmula dos pontos corridos. O Palmeiras pode ir se ajustando até as finais e impor sua superioridade. Pode ser, mas duvido.

Quanto ao São Paulo, tudo pode acontecer. É bem verdade que o tricolor, que inaugurou os anos 90 como um cometa adventício, passou nos últimos tempos a viver um eclipse crescente.
Mas, atenção: Telê segue sendo o melhor treinador brasileiro, quem sabe, do mundo. Seu conhecimento do metiê é de se tirar chapéu. E ele promete, por exemplo, fazer de Cláudio um grande lateral. Quem duvidar há de, principalmente após a mágica realizada com Júnior Baiano em 94?
Seu goleiro, Zetti, é um dos melhores da história do nosso futebol. Com a vinda de Rogério, revelação do Botafogo, ao lado de Júnior Baiano, está aí uma dupla de zaga respeitável, completada por André, que deve começar agora a amadurecer como lateral.
No meio-campo, Axel e Donizetti, se a novela terminar em happy-end, são duas fortalezas, móveis e hábeis. Mais à frente um pouco, Palhinha ou Juninho, pela direita, e Sierra ou Denílson pela esquerda, todos requintados armadores. Lá na frente, a imprevisibilidade de Catê somada ao oportunismo com toques de classe de Bentinho, o tricolor pode empolgar. Pode, mas quem garante?

Ah, sim e o Guarani? Pois este pode ser a grande pedra no caminho do Corinthians. Não só porque vem embalado pela magnífica campanha no Brasileiro, mas principalmente porque tem um timaço.
A zaga é de primeira linha, com um beque de estirpe, Cláudio, e Índio, do Flamengo, fogoso e esperto. No meio-campo, seguem os mesmos Fernando e Fábio Augusto, além de Djalminha, de volta, e ou Uéslei ou William, que comporão um grupo endiabrado com Amoroso e Luisão na frente.
Com tal elenco, mais a experiência adquirida no Brasileirão, o Guarani surge como a grande alternativa para a conquista do título. Ainda mais que conseguiu manter dois jovens goleadores e juntou a eles um craque imprevisível, como Djalminha. Nem Corinthians, nem São Paulo, nem Palmeiras conseguem reunir três talentos ofensivos desse porte, o que, convenhamos, não é pouco.

Pena que a Fifa tenha proibido a história do cartão azul. Não só porque esse expediente eliminaria uma injustiça recorrente no futebol –a expulsão de jogadores que cometem duas faltas graves, passíveis de advertência com cartão amarelo–, mas também porque esse recurso permitiria aos treinadores recorrerem mais ao banco.
Quanto às demais inovações, vale lembrar que os três pontos por vitória já foram usados no mesmo torneio com mais sabedoria. Isso ocorreu no começo dos anos 70, quando a vitória por mais de três gols –eis o macete– valia três pontos. Claro, pois o que se precisa estimular é o gol, o objetivo máximo do futebol. Há que se premiar quem o busca, não apenas o que se satisfaz com a vitória.
No que diz respeito à paralisação de tempo nas metades da primeira e da segunda fase de jogo, trata-se de uma faca de dois gumes. Tanto pode incrementar o espetáculo como arrefecê-lo.
Já o aumento de substituições de duas, mais o goleiro, para três, acho ótimo. Pois aumenta a perspectiva de o treinador corrigir os seus erros iniciais. Assim como a permanência no banco dos 11 reservas, em condições de entrarem em campo a qualquer momento.
Isso exige a manutenção de todo elenco na ponta dos cascos e o aprimoramento do técnico. Creio que esse tipo de abertura, no futuro, haverá de favorecer o futebol como um todo. E quem ganha com isso é o espectador, aquele que sempre foi o mais prejudicado.

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