São Paulo, sábado, 28 de janeiro de 1995
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Grandes investem e mantêm a hegemonia

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Se há um favorito para a conquista do Campeonato Paulista que está começando, vou nomeá-lo aqui e agora, a exemplo do que fiz na temporada passada, quando joguei todas as fichas no Palmeiras. Desta vez, não é o Palmeiras, embora pudesse sê-lo. Também não é o São Paulo, que se entupiu de títulos no começo da década e agora anda derrapando.
Resta, pois, o Corinthians. E é esse mesmo, o Corinthians de Mário Sérgio. Mas não só por causa de Mário Sérgio. Também pelo elenco de que dispõe, diante das novas regras estabelecidas para a disputa do torneio. Explico: Mário é, sem dúvida, o mais inteligente de nossos treinadores. E quando digo isso não é apenas no sentido específico de seu ofício.
Mário é um cara inteligente, ponto. Mais sagaz que os demais.
Isso não quer dizer que sempre que se defrontar com os outros treinadores haverá de lhes dar um show de estratégia. Longe disso. Simplesmente, sua mente funciona melhor, é mais clara, mais organizada. Vê o futebol com maior clareza. Contudo, esse caprichoso jogo da bola nem sempre é lógica e razão. Eis porque é tão fascinante.
Mas, voltando ao Corinthians, é o elenco que oferece ao treinador um maior número de opções.
Digamos que sua diretoria consiga trazer o lateral-esquerdo Cássio, do Vasco e que ele receba as instruções corretas e o estímulo necessário para exibir todo o seu potencial. Nesse caso, teremos um belo goleiro, Ronaldo, dois laterais ofensivos e incansáveis (Vítor e Cássio), uma parelha de beques respeitável (Célio Silva e Henrique), mais um meio-campo devidamente balanceado, com Bernardo pela direita, Zé Elias pela esquerda, Sousa e Marcelinho na armação; lá na frente, dois azougues –Viola e Marques.
Isso, somando-se à possibilidade de o treinador reunir a tropa na metade de cada tempo, confere ao Corinthians uma significativa vantagem. Mas, se Cássio não vier, sempre restará a Mário Sérgio a alternativa de mudar tudo. Pode armar seu time num 3-5-2, com Bernardo de líbero, Elivélton de ala e Marcelinho Paulista fechando o meio, seja no lugar de Marques, seja no de Viola. De qualquer forma, as novas regras haverão de beneficar o técnico mais bem dotado. E Mário, nisso, leva vantagem.

E o Palmeiras, afinal bicampeão paulista, bicampeão brasileiro, o clube mais bem estruturado e rico do país, como fica?
Bem, o Palmeiras enfrenta exatamente o sortilégio de ser bi. Tri, quase ninguém é. Na verdade, há séculos que se fala nos fatídicos três anos seguidos. Seja para os treinadores, que depois de três anos começam a enfrentar um desgaste insuportável (Telê é uma das raras exceções). Assim como no processo de deterioração da própria equipe. Jogadores que querem sair para ganhar mais na transferência, atritos naturais resultantes da longa convivência etc.
Mas, retrucará o palestrino atento, o Palmeiras não só trocou o treinador como ainda por cima liberou os jogadores que queriam sair. É verdade. Porém, exatamente por isso, haverá que se dar um tempo ao técnico Espinosa para que ele tome tento da situação. E, aos novos jogadores, que se adaptem ao ambiente. Sobretudo, porque dois deles são estrangeiros.
Além do mais, o Palmeiras desfalcou-se de jogadores vitais em setores distintos: César Sampaio e Zinho, no meio-campo, e Evair, no comando do ataque.
Aqui entre nós, a vinda de Válber pode ser melhor que a encomenda. Zinho nunca me convenceu como o centro da armação do time palmeirense. Mazinho havia cumprido essa função com mais propriedade antes. E Válber, um talento para o ofício, pode fazê-lo ainda melhor do que Mazinho.
Tenho minhas dúvidas quanto a Mancuso e Trellez, embora sejam dois internacionais que, nas vezes em que os vi em ação, encheram-me os olhos.

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