São Paulo, sábado, 28 de janeiro de 1995
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México volta a pressionar as Bolsas

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O México voltou a pesar na Bolsa de Valores de São Paulo. O mercado fechou em baixa de 3,6%. No Rio, a Bolsa fechou em baixa de 2,9%.
Segundo os analistas, o Congresso mexicano está sinalizando uma negociação mais difícil para a saída da crise. Os analistas consideram que o Congresso está apenas adiando o inevitável. O fato é que o México, quebrado, não tem poder de barganha.
Sem uma solução que pareça duradoura para a crise mexicana, porém, são nulas as chances de ingresso de capital estrangeiro nas Bolsas brasileiras.
Os investidores locais, que compraram ações para vendê-las ao estrangeiro, morreram com os títulos na mão. Não tiveram alternativa: venderam para realizar o prejuízo.
Alguns analistas lembraram também que a forma encontrada pelo governo para terminar com os monopólios estatais, especialmente das telecomunicações, deveria reduzir os preços de Telebrás no mercado.
Para o Estado, equivale financeiramente vender uma empresa monopolista ou negociar concessões, dividindo o mercado. Para o mercado, uma coisa é comprar a ação de um monopólio que pode ser privatizado (enquanto monopólio), outra é comprar a ação de uma importante empresa. O preço da segunda é mais baixo. Telebrás foi a quarta maior baixa de ontem.
Este segundo fator, porém, foi uma acessório. A crise do México comandou a cena.
Na área de câmbio, as cotações ficaram estáveis –menos a do paralelo que registrou uma baixa de 0,59%. Os exportadores voltaram ao mercado com mais fôlego na quinta do que na sexta-feira.
Com todos os índices de inflação convergindo para pouco mais de 1% ao mês, um juro efetivo de 3,2% no mês representa um ganho real de 29,5% ao ano.
No passado, já se pagou um juro real de 30% ao ano, mas a inflação beirava os 40% ao mês e o juro real não era tão visível como agora.
O governo tem espaço para reduzir as taxas. Ele é limitado, de um lado, pela demanda que continua aquecida e, de outro, pela necessidade de oferecer ao exportador um ganho no juro para compensar a perda no câmbio.

JUROS
Curto prazo
Os cinco maiores fundões renderam, anteontem, em média, 0,120%. A taxa média do over, segundo o mercado, foi de 4,47% ao mês. No mercado de Certificados de Depósito Interbancário (CDIs), ainda segundo o mercado, a taxa média foi de 4,50% ao mês.

CDB e caderneta
As cadernetas que vencem hoje rendem 2,8642%. CDBs prefixados negociados ontem: entre 49,30% e 50,00% ao ano para 34 dias. CDBs pós-fixados de 120 dias: entre 12% e 13% ao ano mais a variação da Taxa Referencial.

Empréstimos
Empréstimos por um dia ("hot money") contratados ontem: a taxa oscilou entre 5,6% a 5,8% ao mês. Para 34 dias (capital de giro): entre 57,5% e 166% ao ano.

No exterior
Prime rate: 8,50% ao ano. Libor: 6,69% ao ano.

AÇÕES
Bolsas
São Paulo: baixa de 3,6%, fechando com 37.843 pontos e volume financeiro de R$ 234,571 milhões. Rio: baixa de 2,9%, fechando com 18.069 pontos e volume financeiro de R$ 14,846 milhões.
Bolsas no exterior
Em Tóquio, o índice Nikkei fechou com 18.104,35 pontos. Em Londres, o índice Financial Times fechou a 2.284,90 pontos.

DÓLAR E OURO
Dólar comercial (exportações e importações): R$ 0,843 (compra) e R$ 0,845 (venda). Segundo o Banco Central, o dólar comercial foi negociado ontem a R$ 0,843 (compra) e R$ 0,845 (venda). "Black": R$ 0,835 (compra) e R$ 0,845 (venda). "Black" cabo: R$ 0,844 (compra) e R$ 0,849 (venda). Dólar-turismo: R$ 0,830 (compra) e R$ 0,860 (venda), segundo o Banco do Brasil.
Ouro: baixa de 1,53%, fechando a R$ 10,30 o grama na BM&F.
No exterior
Segundo a agência "UPI", em Londres, a libra foi cotada a 1,5900. Em Frankfurt, o dólar foi cotado a 1,5112 marco alemão. Em Tóquio, o dólar foi cotado a 99,35 ienes. Em Nova York, a onça-troy (31,104 gramas) do ouro fechou a US$ 376,80.

FUTUROS
No mercado de DI (Depósito Interfinanceiro) da BM&F, a projeção de juros para janeiro fechou em 3,48% e para fevereiro a 3,38% no mês. No mercado futuro do índice Bovespa, a cotação para fevereiro ficou em 37.300 pontos. No mercado futuro de dólar, a moeda norte-americana para janeiro fechou a R$ 0,846 e para fevereiro a
R$ 0,863.

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