São Paulo, sábado, 28 de janeiro de 1995
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FHC pretende atender pedido

JOSIAS DE SOUZA
DIRETOR-EXECUTIVO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os Estados Unidos pediram ao governo brasileiro que faça um empréstimo ao México, no valor de US$ 500 milhões. O presidente Fernando Henrique Cardoso pretende atender ao pedido.
O Palácio do Planalto encomendou estudos técnicos para avaliar o montante da contribuição brasileira. O valor de US$ 500 milhões é visto como excessivo. Técnicos do governo consideram US$ 300 milhões razoáveis.
Analisa-se também a forma de envio do dinheiro. O empréstimo precisa ser submetido à aprovação do Senado.
Ontem à noite, o ministro Pedro Malan (Fazenda) disse que uma alternativa ao empréstimo seria a abertura de linha de crédito no mesmo valor, para ser usado em caso de "real necessidade".
Fernando Henrique acha que, do ponto de vista político, o empréstimo pode ser conveniente para o Brasil. Seria, na sua opinião, uma sinalização para o mercado internacional de que o país está com a sua economia em ordem.
O Brasil entraria com a maior parte porque tem maior volume de reservas -cerca de US$ 39 bilhões.
Os outros US$ 500 milhões seriam rateados entre Argentina, Chile e Colômbia. O prazo de pagamento seria de um ano. O Brasil espera obter garantias do México -petróleo, por exemplo.
O pedido dos EUA foi feito em carta do subsecretário do Tesouro americano, Larry Summers. A escolha de Summers como interlocutor do Brasil não foi aleatória.
Ele é o funcionário do governo americano que mais auxilia o Brasil em questões relacionadas com a sua dívida externa.
Recentemente ajudou a encontrar testemunhas para depor a favor do Brasil em processo judicial movido pelos Dart, família americana que é hoje um dos maiores credores individuais do país.
O pedido da Casa Branca tem sentido mais político do que econômico. Na verdade, os US$ 500 milhões solicitados ajudam pouco. O México precisa de importância superior a US$ 40 bilhões.
O presidente Fernando Henrique Cardoso viajará para Washington em abril. Deve encontrar-se com Clinton no dia 20 daquele mês. Esta é mais uma razão invocada pelo Planalto para atender ao pedido.

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