São Paulo, sábado, 28 de janeiro de 1995
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Investidor adverte para crise 'tipo 1929'

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A DAVOS

O megainvestidor George Soros disse ontem que a crise financeira internacional desatada pelo episódio do México "pode evoluir para uma situação tipo 1929".
É uma referência à maior crise financeira até hoje conhecida, desatada, então, pela quebra da Bolsa de Nova York, com repercussões internacionais.
Soros, 65, húngaro naturalizado norte-americano, é o presidente do fundo de investimentos que leva seu nome, um dos maiores aplicadores contemporâneos.
O investidor falava sobre "Desafios além do crescimento: que surpresas esperam à frente?".
É pouco provável, no entanto, que seus companheiros de mesa e o auditório, composto essencialmente por megaempresários, esperassem uma "surpresa" desse tamanho.
Ao lado de Soros, estavam à mesa ninguém menos do que Kenneth Clarke, responsável pelo Tesouro britânico, e Toyoo Gyothen, presidente do Banco de Tóquio.
A advertência do megainvestidor soma-se à previsão do presidente norte-americano Bill Clinton de que haverá "graves consequências" se não for aprovado o pacote de ajuda ao México em exame no Congresso dos EUA.
Soros, aliás, deu a mesma receita de Clinton para evitar uma "situação tipo 1929": resolver a questão mexicana.
É sempre possível que Soros esteja apenas fazendo terrorismo para forçar a aprovação, pelo Congresso dos EUA, do pacote de ajuda ao México, com o que todos os investidores como ele próprio se beneficiariam.
Mas é também inegável que o efeito da crise no México cruzou o oceano e foi bater até na Ásia, continente dos países de maior crescimento econômico atual.
"A crise mexicana espalhou-se pelos mercados ásiaticos, dado que há algumas similaridades", admitiu Toyoo Gyothen.
Mas tanto ele como o britânico Clarke são disparadamente mais otimistas do que Soros.
Kenneth Clarke, fidelíssimo ao figurino neoliberal do governo britânico, diz que "os benefícios (da liberalização do mercado de capitais) superam de longe os custos".

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