São Paulo, domingo, 29 de janeiro de 1995
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Investidor não diferencia países latinos

FERNANDO CANZIAN; JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Nos últimos 30 dias, as Bolsas de Valores do Brasil e do México subiram ou, mais frequentemente, caíram de forma simultânea em 92% dos pregões.
Este é apenas um dos indicadores que mostram, pela lente dos investidores estrangeiros, como o Brasil e México fazem parte do mesmo mercado latino.
Também os títulos das dívidas externas dos dois países caminharam juntos –para baixo.
No caso do IDU brasileiro, um dos títulos de maior liquidez, a queda foi de 7,24% entre o dia 20 de dezembro (dia da maxidesvalorização no México) e 20 de janeiro.
Segundo Sérgio Santamaria, diretor da área de investimentos do Banco de Boston, a entrada de dinheiro de fora nas Bolsas brasileiras já vinha diminuindo.
Os estrangeiros detêm hoje 12% do mercado, o equivalente a US$ 20 bilhões em ações.
No primeiro semestre de 1994, o ingresso líquido (entradas menos saídas) somou US$ 5,7 bilhões. No segundo semestre, caiu para apenas US$ 1,5 bilhão.
"Não houve uma retirada maciça. Mas não há novas entradas", diz Santamaria.
Na virada do ano, cresceram, no entanto, as remessas de dinheiro de empresas (dividendos e lucros) para o exterior.
Entre o dia 20 e 31 de dezembro, as remessas para o exterior registraram média diária de US$ 304,4 milhões. Nos primeiros 25 dias de janeiro, as saídas continuaram fortes, com média diária de US$ 206 milhões.
Este comportamento foge do padrão da economia brasileira. Normalmente, as remessas crescem em dezembro (para balanço e diminuição na carga tributária das multinacionais), mas o dinheiro retorna em janeiro.
Este ano, isso não aconteceu até agora.
Nos últimos 25 dias, somente em duas ocasiões o fluxo de entradas superou o de saídas.
As corretoras internacionais avaliam que, sem uma solução para o México, como o empréstimo de US$ 40 bilhões (equivalente a 10% do PIB do país) que os EUA querem aprovar, a queda nas Bolsas será ainda maior.
(FCz e JCO)

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