São Paulo, domingo, 29 de janeiro de 1995
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Bateria básica de Watts faz a cozinha da banda

SÉRGIO MALBERGIER
DA REPORTAGEM LOCAL

O baterista Charlie Watts, 53, diz que, quando Mick Jagger e Keith Richards ligam para sua casa, no interior da Inglaterra, é como "uma convocação para o serviço militar". É assim que ele encara as longas turnês da banda.
Carrancudo, ele bem que sorriu para as câmeras do telão, na primeira apresentação da banda no Brasil. Mas suas baquetas repetiram as mesmas batidas simples, básicas. Não brilham, não se destacam, mas os Rolling Stones chegaram onde estão com ele na "cozinha".
Watts nunca escondeu seu enfado diante da bestialidade pop. Ofuscado pelo glamour de seus companheiros Jagger e Richards, se contentou com os milhões de dólares em sua conta corrente, deixando os holofotes para os famosos companheiros de banda.
Além da fortuna, teve a chance de desenvolver sua carreira de músico de jazz e blues, chegando a formar uma competente big-band.
Anteontem, no Pacaembu, Watts tocou com uma bateria Gretsch abóbora. Só com um ton-ton (tambor superior) e quatro pratos. Sem bumbos duplos ou pratos espalhafatosos ou viradas mirabolantes: com Watts, ainda é apenas rock and roll.
A convocação do novo baixista, Darryl Jones, parece ter ajudado Watts. O competente baixo de Jones por vezes fortalece ou até abafa omissões de Watts. Às vezes, porém, as engasgadas na levada ficam evidentes.
Quem se importa? A platéia de parecia não se importar nem um pouco. Watts foi muito aplaudido e ainda apareceu de meias para agradecer os aplausos do público.

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