São Paulo, domingo, 29 de janeiro de 1995 |
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Doença que causa cegueira atinge 65% dos ianomâmis, diz pesquisa
ANDRÉ LOZANO
A doença já causou cegueira em 500 mil africanos, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) e atinge 65,37% dos ianomâmis, segundo estudo do oftalmologista Cláudio do Carmo Chaves, professor da Universidade do Amazonas. A oncocercose é uma doença infecciosa crônica causada por um verme (Onchocerca volvulus) transmitido por mosquitos, dos quais o mais comum é o borrachudo. Causa irritações na pele e quando atinge os olhos pode provocar cegueira. As conclusões do estudo são resultado de dois anos de pesquisa feita por Chaves entre os índios. O levantamento consta de sua tese de doutorado defendida em dezembro passado no Departamento de Oftalmologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Chaves estudou a doença em 410 ianomâmis (7% da população total) distribuídos em 16 aldeias. Exames microscópicos demonstraram que 74,63% dos índios tinham a pele infectada pela doença. A oncocercose ocular, o caso mais grave da doença, atinge mais de 65% dos ianomâmis, que, segundo o médico, poderão perder a visão nos próximos dez anos. Pesquisa realizada por Cláudio Chaves em 1984 em uma aldeia ianomâmi revelou que naquele ano 5,26% dos índios eram portadores da oncocercose ocular. Segundo Chaves, a característica nômade do povo ianomâmi dificulta a localização dos índios para o tratamento da doença. O ofalmologista disse que ainda não foi registrado nenhum caso de cegueira causado pela oncocercose ocular entre os ianomâmis. O motivo, segundo ele, é a baixa longevidade desse povo indígena (em média, 40 anos). Como a doença pode levar à cegueira em dez anos, o índio infectado tem grandes chances de morrer antes de ficar cego. Texto Anterior: Comerciante emprega dois em SP Próximo Texto: Verme pode se disseminar Índice |
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