São Paulo, domingo, 29 de janeiro de 1995
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O santuário dos mitos fordiano

SÉRGIO AUGUSTO
DA SUCURSAL DO RIO

John é metade tirano, metade revolucionário; metade santo, metade demônio; metade possível, metade impossível; metade gênio, metade irlandês
Frank Capra

Se o Grande Canyon é, como disse alguém, a "biblioteca dos deuses", o Monument Valley é o santuário dos mitos fordianos. Território navajo, ao norte do Arizona, serviu de cenário para nove dos 54 westerns dirigidos por Ford. Mais que um cenário majestoso, com seus rochedos esculpidos pelo vento e erodidos pelo tempo, tornou-se um campo de batalha moral.
À sombra de suas mesas e agulhas lunares, o bem e o mal se defrontaram em incontáveis duelos de vida ou morte. Por suas trilhas totêmicas passaram milhares de índios, caubóis, bandoleiros e soldados da cavalaria, muitos dos quais ali tombaram, para alegria dos abutres.
Descoberto por acaso, nos anos 30, quando Ford cortava caminho numa viagem de Los Angeles para o Novo México, o monumental vale proporcionou a Ford o seu primeiro encontro com os navajos da região, dos quais se tornou grande amigo e protetor.
A partir de "No Tempo das Diligências", outros diretores de westerns –e, mais tarde, até os de publicidade– se encantaram pela paisagem, mas nenhum deles soube captar, como Ford, toda sua magnificência. As outras provas disso são, por ordem de filmagem, "Paixão dos Fortes", "Sangue de Heróis", "Legião Invencível", "Caravana de Bravos", "Rio Bravo", "Rastros de Ódio", "Audazes e Malditos" e "Crepúsculo de uma Raça". (SA)

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