São Paulo, domingo, 29 de janeiro de 1995
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"Sim, o Ebola pode chegar ao Brasil"

–O sr. não teve receio de provocar pânico nos leitores com "The Hot Zone"?
–Sim. Cheguei a achar que o livro poderia causar um medo desnecessário quando do lançamento aqui nos Estados Unidos. Mas logo percebi que a reação do público seria diferente. Todas as pessoas com quem falei disseram que estavam curiosas, excitadas e preocupadas. Mas não em pânico. Acho que esta é a reação comum a "Hot Zone": primeiro, fica-se chocado quando se conhece o vírus e o que ele faz ao ser humano. Então, fica-se entre preocupado e fascinado. Em minhas viagens pelo mundo, a resposta foi sempre esta.
–O sr. espera a mesma reação dos brasileiros?
–O Brasil tem grandes disparidades sociais, mas é um país muito industrializado, muito informado sobre o que acontece no resto do mundo. Meu palpite é que vocês reajam da mesma maneira que os norte-americanos. Devem falar muito sobre o livro, mas isso vai fazer pensar sobre os perigos que a espécie humana está correndo...
–O sr. realmente acredita que o vírus Ebola é uma vingança da selva?
–Sim. E mais: o Ebola é especificamente a vingança da floresta tropical. Como a população cresce em números alarmantes e destrói indiscriminadamente ecossistemas intocados, cada vez mais vírus desconhecidos, perigosos e fatais devem entrar em contato com o homem.
–O sr. conhece o Brasil?
–Sim. Meu pai trabalhou um tempo em Belém.
–O sr. acha que o Ebola pode chegar aqui?
–Sim. Eu gostaria que isso não acontecesse, mas é bem possível. Se já apareceu em Washington...
–Sobre o que será seu próximo livro?
–Eu ainda não decidi o tema. Você tem alguma boa idéia? (Risos).
–O sr. se considera um bom escritor?
–É uma ótima pergunta! (Risos) Não sei, não sou eu quem deve responder isso. Posso dizer que me esforço bastante para sê-lo.

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