São Paulo, segunda-feira, 30 de janeiro de 1995
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Prefeitura admite omissão em explosão

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário municipal das Administrações Regionais, Francisco Nieto Martins, disse ontem que os familiares dos pelo menos 14 mortos na explosão de uma casa de umbanda anteontem em Pirituba (zona oeste de São Paulo) podem processar a prefeitura exigindo indenização.
"Essa não é a minha área de especialização, mas se eu fosse de uma das famílias eu entraria com processo", disse Nieto, que afirmou ter havido "omissão na fiscalização".
Ontem, o Pronto Socorro de Pirituba informou que registrou 13 mortes no acidente. Outra morte foi registrada no PS do Mandaqui.
Segundo o delegado que atua no caso, Nelson Teodoro, a polícia já contabilizou 15 mortes. Já o secretário Nieto Martins informou que a prefeitura recebeu notificação de 18 mortos.
Anteontem, durante vistoria ao local da explosão, o secretário estadual da Segurança Pública, José Afonso da Silva, disse que a prefeitura é a responsável pela fiscalização da comercialização de fogos de artifícios.
Ontem, o secretário Nieto afastou de suas funções o supervisor de uso e ocupação do solo da administração regional de Pirituba, Armando José Salomão, e o fiscal do setor, identificado apenas como Seron. Eles seriam os responsáveis pela fiscalização da loja.
Segundo o administrador regional de Pirituba, Nelson Godoy, a prefeitura já tinha conhecimento que a loja "Ogum Sete Estrelas" vendia fogos de artifício. "Ela já havia sido multada por isso", disse. "Mas não poderíamos imaginar que ela funcionava também como depósito de fogos".
Segundo Godoy, o proprietário da loja, José Gonçalvez Gomes, havia pedido autorização para vender os fogos, mas ela foi negada.
"Toda loja que solicita a autorização para vender fogos é fiscalizada por um engenheiro especializado da prefeitura, que checa as condições de segurança. Essa não tinha condições", disse.
O proprietário da loja que explodiu, José Gonçalvez Gomes, tem registrada na prefeitura mais dez casas de umbanda espalhadas por São Paulo. Segundo a polícia, ele está desaparecido.
Os moradores da avenida Benedito de Andrade, onde houve a explosão, disseram que havia placas em frente à loja anunciando a venda de fogos de artifício. Ainda segundo eles, alguns moradores já tinham registrado queixa na administração regional contra a loja.

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