São Paulo, segunda-feira, 30 de janeiro de 1995
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Stones 'batem' Madonna e Michael Jackson

BIA ABRAMO
EDITORA DA ILUSTRADA

O megashow também funciona com uma banda de rock'n'roll. Dos três maiores shows que já vieram para o Brasil –"Dangerous", de Michael Jackson, "The Girlie Show", de Madonna e "Voodoo Lounge", dos Rolling Stones–, o índice de aprovação dos Stones (98%), segundo a pesquisa Datafolha, supera a avaliação dos shows de Madonna (92%) e Michael Jackson (87%).
A aprovação ao "Voodoo Lounge" é mais alta já obtida em pesquisas Datafolha realizadas em shows no Brasil. O segundo maior índice de aprovação (94%) pertence ao show dos Red Hot Chili Peppers no Hollywood Rock em janeiro de 93.

Pop x rock
Em comum entre Madonna, Michael e Stones, a obrigatoriedade do prefixo mega antes das palavras show e turnê, a parafernália de alta tecnologia nos palcos e os fogos de artifício depois de cada apresentação. De diferenças, o fato de que Madonna e Michael são produtos da indústria pop e os Stones, uma das banda que transformou o rock em indústria.
No caso de Madonna e Michael Jackson, nada de se espantar. Os megashows foram feitos para eles. Ambos são produtos do videoclipe e do show virtual –aquele em que a presença do artista é apenas uma referência distante e minúscula num palco gigantesco e cheio de efeitos especiais.
O megashow se vê pelo telão –ou seja, transforma a presença física do artista ou da banda em simulacro. Madonna e Michael, que há muito já perderam a realidade e se tornaram simulacros, estão em seu elemento natural.

Teatralidade
Até na transformação do show em teatro, os Stones guardam diferenças muito grandes com Madonna e Michael. "The Girlie Show" levava para o estádio um espetáculo entre o circense e a Broadway. Michael Jackson ficava entre a gradiloquência (nada como um trecho de Carmina Burana para esquentar a platéia antes de sua chegada e explosões) e a pieguice.
Os Rolling Stones só precisam de suas imagens para transformar o show em espetáculo: o corpo inacreditavelmnte magro e ágil de Jagger, a devastação junkie do rosto de Richards, a simpatia cool de Watts.
Os Stones não precisam se travestir de presonagens. Afinal, eles são lendas vivas.

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