São Paulo, segunda-feira, 30 de janeiro de 1995
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'Furyo' expõe choque cultural

INÁCIO ARAÚJO; JOSÉ GERALDO COUTO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em "Furyo" (Manchete, 21h45), Ryuichi Sakamoto é o capitão Yonoi, comandante de um campo japonês de prisioneiros em Java, durante a Segunda Guerra. David Bowie é o coronel britânico Celliers, seu preso mais ilustre.
Rígidos, irredutíveis, os dois se confrontam sem possibilidade de diálogo. Celliers não se submete às ordens de Yonoi. É espancado e enterrado na areia até o pescoço. O atrito entre os dois é uma versão pessimista das relações Ocidente-Oriente.
Mas há no filme outro par de opostos, muito mais flexíveis e permeáveis: o coronel Lawrence do título original (Tom Conti) e o sargento Hara (Takeshi, comediante famoso no Japão). Ambos tentam compreender a cultura do outro e se pautam por uma relação mais afetiva e calorosa.
Se há uma fraqueza em "Furyo", ela está nos flashbacks "psicológicos" que dão conta do passado de Celliers na Inglaterra. De algum modo, eles acabam diluindo a tensão explosiva do dia-a-dia no campo de prisioneiros.
Em compensação, há pelo menos dois momentos de grande impacto. Um deles é a cena, coreografada como um estranho balé, em que Celliers beija seu oponente, fazendo sua rigidez implodir.
Outra passagem inesquecível é o final, em que é dita, num contexto ricamente significativo, a saudação do título original ("Merry Christmas, Mr. Lawrence") sob a música contundente de Ryuichi Sakamoto.
(JGC)

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