São Paulo, segunda-feira, 30 de janeiro de 1995
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Quito acusa Peru de ataque maciço

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Ministério da Defesa equatoriano acusou as Forças Armadas do Peru de realizarem uma ofensiva maciça às 10h de ontem (13h em Brasília) numa área de selva na fronteira dos dois países. Os peruanos teriam usado morteiros, helicópteros e aviões.
O Comando Conjunto informou ter derrubado um helicóptero peruano. Ele teria sido abatido ao atacar a posição Tenente Hugo Ortiz, na fronteira entre os dois países. Sete peruanos teriam morrido. O Peru não comentou.
Comunicado do Comando Conjunto das Forças Armadas do Equador diz que foram atacados os destacamentos Soldado Monge, Tenente Hugo Ortiz, Coangos e Gruta dos Tayos, a 350 km de Quito.
Segundo as autoridades equatorianas, morreram 27 soldados do Peru e 3 do Equador. Funcionário do governo peruano citado pela TV Panamericana (de Lima) negou as mortes.
Ontem, a televisão de Quito mostrou o primeiro enterro de um soldado equatoriano, Héctor Efraín Pilco, que teria morrido nos combates contra o Peru.
Em Lima, a rede de televisão Panamericana confirmou o ataque peruano. Segundo o Peru, as tropas peruanas recuperaram três postos de vigilância na fronteira com o Equador, que haviam sido invadidos pelos equatorianos.
Não retrocedemos nem um centímetro, disse o cornel José Grijalba, comandante da Brigada de Selva 21-Condero, principal destacamento equatoriano na área.
Para o presidente Sixto Durán-Ballén, as tropas equatorianas mantêm suas posições na fronteira no vale do rio Cenepa, onde estariam há mais de 40 anos.
Até a noite de ontem não se sabia se equatorianos e peruanos referiam-se aos mesmos postos.
Em discurso no palácio presidencial, o presidente Durán-Ballén disse que seu país é o agredido.
Durán Ballén disse que aceita um cessar-fogo incondicional para iniciar negociações com o Peru.
O comando militar peruano apenas informa que os combates estão se realizando dentro de seu território –o Equador diz o mesmo.
Congressistas peruanos de oposição criticaram o governo e os militares pela falta de informações.
Anteontem, o presidente do Peru, Alberto Fujimori, deslocou-se para a região de fronteira.
No Peru, jornais informaram ter constatado movimentações de tropas, apesar do sigilo mantido pelas Forças Armadas peruanas.
Na cidade de Chiclayo, onde funciona uma base da Força Aérea, diversos aviões de combate teriam se deslocado rumo a Piura, uma das capitais departamentais mais próximas do Equador.
Em outros destacamentos foram detectados deslocamentos de tropas rumo à fronteira.
O conflito ocorre principalmente numa área não-demarcada da fronteira. O ataque de ontem denunciado pelo Equador ocorreu após 15 horas de relativa calma.
As escaramuças podem retardar esforços diplomáticos dos avalistas do Protocolo do Rio de Janeiro –Argentina, Brasil, Chile e Estados Unidos– e da OEA (Organização dos Estados Americanos).
O secretário-geral da OEA, o colombiano Céar Gaviria, está em Bogotá (Colômbia), onde chegou depois de uma entrevista com Durán-Ballén na tarde de anteontem.
Nos últimos dias, Gaviria reuniu-se com Durán-Ballén e o presidente do Peru, Alberto Fujimori, numa tentativa de resolver o conflito entre os dois países.
Assinado há 53 anos, em 28 de janeiro de 1942, o protocolo estabeleceu a forma para demarcação da fronteira entre os dois países. Posteriormente, ele foi denunciado pelos equatorianos. Há uma faixa de 78 km em litígio.
O atual conflito começou em 9 de janeiro, quando o Equador acusou o Peru de provocar combate entre patrulhas militares.

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