São Paulo, terça-feira, 31 de janeiro de 1995
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País perde R$ 212 mi na colheita da soja

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

Ao colher a safra de soja 94/95, os cerca de 240 mil produtores da cultura no Brasil deverão deixar mais de 1,5 milhão de toneladas de grãos na lavoura.
Nesta safra, o país espera colher 25 milhões de toneladas em 12,5 milhões de hectares plantados. A perda corresponde a 6% da safra.
Os dados são do CNPSo (Centro Nacional de Pesquisa de Soja), cuja sede fica em Londrina, no norte paranaense.
O CNPSo é um órgão da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
O desperdício é resultado da colheita mal feita, com colheitadeiras desreguladas.
Para se ter uma idéia, desde 1978, quando o CNPSo começou a quantificar as perdas com a soja, o valor do desperdício já atingiu US$ 3,6 bilhões.
O valor corresponde ao preço de toda a safra nacional de soja 93/94.
Segundo o pesquisador Nilton Pereira da Costa, 49, do CNPSo de Londrina, não houve nenhum avanço ainda no sentido de diminuir a intensidade das perdas.
"A média de desperdício nesta safra deverá se manter em duas sacas por hectare", afirma.
Costa trabalha com cursos para técnicos e produtores, tentando reduzir as perdas para o padrão aceitável de uma saca por hectare.
Essa média é uma das menores do mundo e é admitida pelos produtores norte-americanos.
Costa afirma que 25 milhões de sacas (1,5 milhão de toneladas) ficarão nas lavouras, o que significa um prejuízo de R$ 212,5 milhões para a economia nacional (tomando por base um preço médio de R$ 8,50 da saca de 60 quilos).
Nos 16 anos que faz acompanhamento sistemático das safras de soja, o CNPSo promove cursos de treinamento para evitar o desperdício na colheita.
Esse trabalho reduziu as perdas, em nível nacional, de 3,4 sacas por hectare (em 1978) para duas sacas na safra 93/94.
Antes do início da colheita, o CNPSo tem programados 22 cursos nos Estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraná.
No Paraná, onde existe um trabalho de acompanhamento da Emater-PR (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural), as perdas são menores.
Na safra passada, o desperdício no Estado ficou em 1,7 sacas por hectare.
Foi a menor perda por hectare do país, segundo o CNPSo. Outros estados importantes na produção de soja, como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, estão longe de alcançar os números do Paraná.
Os dois colhem uma média de 2,2 sacas por hectare. Já Minas Gerais consegue uma média de 2,3 sacas por hectare.
Números da Emater-PR mostram que 35,16% dos produtores paranaenses conseguem perder menos que uma saca por ha, enquanto outros 45,91% deixam na lavoura entre uma e duas sacas.

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