São Paulo, terça-feira, 31 de janeiro de 1995
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Pesquisas melhoram a qualidade do maracujá

JOSÉ ALBERTO GONÇALVES
ENVIADO ESPECIAL A ARAGUARI

O maracujá plantado no Brasil está ganhando peso, ficando mais doce e mais resistente a doenças.
Essas características novas da fruta estão espalhando-se pelas plantações das regiões Sudeste e Nordeste do país, a partir dos resultados de pesquisas realizadas pela iniciativa privada, universidades e institutos agronômicos.
A região de Araguari, no Triângulo Mineiro, é um dos principais laboratórios de pesquisa da fruta no país. As experiências são feitas pela fábrica Maguary (grupo Fleishmann Royal).
O departamento agrícola da empresa toca desde 1985 um programa de melhoria da qualidade do maracujá azedo, usado pela indústria, em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (MG) e a Unesp de Jaboticabal (SP).
O programa elevou o peso médio de polpa da fruta de 62 gramas para 95 gramas, o que aumentou o rendimento industrial de suco. A produtividade média por ha cresceu de 16 t até 1985 para 27 t atualmente, segundo José Rafael da Silva, agronômo do departamento agrícola da Maguary.
Também aumentou o teor de açúcar e a cor do suco tornou-se mais alaranjada, diz ele.
A Maguary montou no município de Araguari um viveiro de mudas, onde são feitos cruzamentos entre as plantas (no Brasil, existem mais de 360 espécies de maracujá).
Anualmente são produzidas de 600 mil a 700 mil mudas de maracujá no viveiro, que são vendidas aos produtores da região.
A origem do programa está ligada à necessidade da indústria melhorar o padrão de seu suco. Além da qualidade, ela pretende também garantir um fornecimento mais regular de frutas por parte dos produtores.
"Até 1982 a área do maracujá na região de Araguari era grande, cerca de 4.000 ha, mas a produção, desorganizada", diz Silva.
Segundo ele, as áreas das plantações eram muito grandes, o que dificultava os tratos culturais da fruta.
Um dos segredos para se obter boa produtividade é a polinização artificial, feita com as mãos. Numa área grande, diz Silva, esse trabalho fica difícil.
Outro problema que afetou o plantio da fruta no cerrado mineiro foi o desmatamento.
Sem árvores, ficou difícil fazer as estacas que seguram as ramagens do maracujá. A madeira representa cerca de 40% do custo de implantação da lavoura da cultura, segundo Silva.
A falta da mata também eliminou o hábitat das mamangavas, abelhas grandes que polinizam as flores da fruta.
O resultado desse desequilíbrio ambiental apareceu na diminuição da área do maracujá para 500 ha na região de Araguari. A madeira ficou mais cara e a produtividade caiu.
Aproximadamente 70% da produção de maracujá da região de Araguari é feita a partir das mudas do viveiro da Maguary.

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