São Paulo, terça-feira, 31 de janeiro de 1995
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Preço do feijão recua no início do ano

DA REPORTAGEM LOCAL

Os preços do feijão nos primeiros três meses do ano devem permanecer bem abaixo das cotações registradas em igual período de 1994.
Essa é a avaliação feita pelo governo e por analistas do mercado agrícola, em função do aumento na produção da cultura e do crescimento tímido no consumo do grão (veja quadro ao lado).
Mesmo a quebra de safra no Paraná, em consequência das fortes chuvas, não deve mudar a tendência do mercado.
"Podem ocorrer movimentos altistas enquanto não se definir o tamanho da quebra", diz Nelson Batista Martins, pesquisador do IEA (Instituto de Economia Agrícola).
Ele ressalta, porém, que a produção do grão espalhou-se pelo país nos últimos anos, o que pode compensar eventuais perdas em algumas regiões.
No primeiro trimestre do ano passado, as cotações nas regiões produtoras de São Paulo variaram de R$ 39 a R$ 104 por saca, segundo o IEA.
Este mês os preços têm oscilado entre R$ 26 e R$ 32 por saca nas regiões produtoras de Santa Catarina, Paraná e São Paulo.
Embora os preços tenham diminuído este ano, ainda são remuneradores para o produtor, avalia Martins.
Ele diz que as cotações atuais chegam a ser o dobro do custo de produção, estimado em R$ 16 a saca. Além disso, melhorou a produtividade das lavouras.
Em São Paulo, por exemplo, o rendimento médio das lavouras na safra das águas deve alcançar 1.100 kg/ha, com elevação de 37% sobre a média da safra passada, de acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
Segundo Kossey Banno, técnico da Conab, o produtor investiu em tecnologia nesta safra. Usou mais adubo e sementes melhoradas.
"Os produtores de feijão capitalizaram-se no ano passado com a boa comercialização da safra 93/94", diz Banno.
As cotações ultrapassaram os R$ 100 a saca em alguns períodos do ano, como fevereiro e março, por causa da quebra quase que total da safra de Irecê, na Bahia.
No segundo semestre de 94, os boatos em torno de uma quebra das safras paulista e paranaense, em consequência da seca, levou os preços novamente para patamares próximos dos R$ 100 a saca.
"Esses fatores elevaram a receita dos agricultores com a comercialização de feijão e os animaram a investir nas lavouras", afirma Martins.

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