São Paulo, terça-feira, 31 de janeiro de 1995
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Lula diz que não será candidato em 98

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O candidato do PT derrotado nas eleições presidênciais, Luiz Inácio Lula da Silva, anunciou ontem que não tem mais "disposição" de concorrer à presidência da República.
Ele disse que se sente aliviado e não tem mais a obrigação de se candidatar em 1998.
Lula fez a afirmação para prefeitos, deputados e senadores atuais e eleitos e os dois governadores do partido –Vítor Buaiz (ES) e Cristovam Buarque (DF)– na abertura do fórum que discute a atuação do partido.
O petista disse que vai se dedicar à reestruturação do partido, à campanha para as eleições para as prefeituras ano que vem e a buscar alianças políticas.
Lula reassume a presidência do PT no dia 11 e entrega seu mandato em agosto. Disse que pretende ser substituído por Olívio Dutra, ex-prefeito de Porto Alegre e candidato derrotado ao governo do Rio Grande do Sul.
A seguir os principais trechos da entrevista de Lula:

CANDIDATURA
"Quero tirar da minha cabeça a eleição de 98. Em 89 o projeto estratégico era a candidatura em 94. Em 95 eu não preciso repetir isso." Segundo Lula, a estratégia se ser candidato nas últimas eleições "foi uma fase que passou e não um erro".

GOVERNO FHC
O petista considerou precipitado julgar o governo pelos primeiros 30 dias, mas assinalou que o fato de o presidente não vetar a anistia concedida ao senador Humberto Lucena (PMDB-PB) pelo Congresso e se propor a vetar o aumento do salário mínimo para R$ 100 são atitudes contraditórias.

REFORMA CONSTITUCIONAL
Segundo Lula, o governo não quer fazer a reforma, mas acabar com o monopólio das telecomunicações, privatizar a Petrobrás e acabar com a estabilidade no emprego.
"Se o governo estiver disposto a fazer a reforma vamos negociar. Será como sempre fizemos. A nossa prioridade é discutir o salário mínimo, a reforma tributária e a seguridade social", disse.

ESTABILIDADE NO EMPREGO
"A estabilidade não precisa estar na Constituição. Pode estar em um acordo entre o governo e os trabalhadores. O funcionário tem que ser contratado por concurso público e não pode ser demitido por interesse político. O governo tem que criar juízo pagar decentemente para depois exigir. Ineficiente no Brasil é o salário", disse.

REFORMA CONSTITUCIONAL
"Queremos moralizar a previdência. O trabalhador deve participar da administração de maneira tripartite", disse. Segundo Lula, o governo deve combater a sonegação e não acabar com a aposentadoria por tempo de serviço.

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