São Paulo, terça-feira, 31 de janeiro de 1995
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Conceição critica as propostas do governo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A economista Maria da Conceição Tavares, eleita deputada federal pelo PT do Rio de Janeiro, disse ontem que conhece sete propostas de reforma tributária do governo federal e que todas diminuem a arrecadação. Sem poupar críticas a essas propostas, ela apresentou a sua.
"Primeiro, você tem que aumentar a arrecadação. Depois, vai em cima do que não é essencial, como carros e produtos importados e, aí, você já evita uma quebra na balança comercial", disse referindo-se à crise mexicana e dando uma estocada no governo Itamar Franco, que facilitou importações de carros.
Na receita da economista, o passo seguinte seria: "Você aperta e aí negocia calmamente e em silêncio, sem vender o patrimônio bom. Porque, quando se tem uma crise financeira mundial, tem que manter o patrimônio bom, como a Vale (do Rio Doce), a Petrobrás e o setor de telecomunicações", afirmou.
A economista fez críticas ao governo e disse que a equipe do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) está causando tumulto. Citou como exemplo uma declaração do ministro da Administração e Reforma do Estado, Luiz Carlos Bresser Pereira, sobre o fim da aposentadoria.
"O resultado é que paralisa tudo e as pessoas correm para se aposentar, quando o ministro que falou isso não é nem o da Previdência", afirmou.
Maria da Conceição, que chorou em um programa de televisão na defesa do Plano Cruzado (1986) e chamou o então ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso de "traidor", quando foi lançado o Plano Real, disse não entender por que o governo está fazendo "ôba-ôba".
"Conheço uns cinco ministros e o próprio presidente. Sei que são pessoas inteligentes e capazes, tenho dificuldade em achar que é incompetência. Sou levada a pensar que é a satisfação de algum acordo de campanha", afirmou criticando o que classifica de indecisão do governo federal.

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