São Paulo, terça-feira, 31 de janeiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Empresários cobram rapidez na privatização

CARLOS MAGNO DE NARDI
DA REPORTAGEM LOCAL

Empreiteiros e representantes de grandes construtoras cobraram ontem do governador Mário Covas uma aceleração no ritmo de privatização de empresas e concessão de serviços pelo Estado.
A cobrança foi feita durante a audiência pública realizada pelo governo para divulgar a situação do Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A).
Em sua resposta, Covas ironizou a informação veiculada ontem pela imprensa sobre a privatização do Banespa (leia reportagem nesta página), que está sob intervenção do governo federal.
O presidente do Sinicesp (Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado de São Paulo), Newton Cavallieri, diz que não há alternativas ao governo.
Como o orçamento não atende às necessidades do governo em termos de obras e muito menos para pagar aquilo que deve, o Estado tem que buscar recursos através de privatizações e concessões, disse Cavallieri.
Segundo o empresário, ao firmar uma concessão o governo viabilizaria verbas para o término de obras como, por exemplo, a rodovia Carvalho Pinto.
O governo deve cerca de R$ 3 bilhões às empreiteiras. Para Covas, a simples venda de empresas públicas não é a solução para o problema financeiro do Estado.
Privatizar não e a solução para pagar dívida e muito menos para pagar salário. Temos que ter uma ação de saneamento, que independe de privatizar ou não.
Segundo ele, é preciso equacionar, por exemplo, a questão das dívidas, que muitas vezes têm valor muito maior do que as ações majoritárias da companhia.
Na opinião do governador, é essencial sanear financeiramente as empresas, recuperando sua capacidade de investimento com auxílio do capital privado, para que o Estado possa se concentrar nas áreas sociais.

Dersa
Segundo dados apresentados durante a audência pública de ontem, a dívida do Dersa hoje é de R$ 3,05 bilhões (R$ 1,4 bilhão relativos a débitos já vencidos ou de curto prazo e R$ 1,65 bilhão de médio prazo).
Segundo o presidente da estatal, Stanislav Feriancic, 80% da dívida é relativa a obras paralisadas e a maioria dos débitos já vencidos é referente à rodovia Carvalho Pinto.
Para enfrentar a dívida da empresa e um gasto mensal de R$ 10 milhões, a direção do Dersa pretende enxugar o número de funcionários, reduzir gastos operacionais e desativar imóveis ociosos.
Segundo o presidente da empresa, 1.004 funcionários da empresa, entre terceirizados (contratados através de empresas de fornecimento de mão-de-obra) e de seu quadro próprio, estão em fase de afastamento.
Covas recebeu ontem à tarde o ministro do Trabalho, Paulo Paiva, em uma visita de cortesia.

Texto Anterior: Conceição critica as propostas do governo
Próximo Texto: Governador abre exceção
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.