São Paulo, terça-feira, 31 de janeiro de 1995
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Congresso novo vai se opor à reforma, prevê o Planalto

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Congresso que toma posse amanhã será muito parecido com o que se despede e a média do pensamento em relação à reforma da Constituição, por exemplo, vai opor resistência às mudanças na Previdência e na área fiscal e negará apoio à quebra radical dos monopólios. Essa é a avaliação do Planalto sobre o novo Congresso, apurada ontem pela Folha.
Apesar de dispor de aliados que compõem uma base de apoio parlamentar inédita, o governo se prepara até para enfrentar a tradicional insatisfação dos aliados –um fenônemo que a renovação eleitoral superior a 50% foi incapaz de mudar. Acalmar todos o tempo todo será "um complicado exercício de paciência", diz um dos integrantes da cúpula do governo.
O presidente Fernando Henrique e seus assessores estão certos de que a fidelidade dos aliados vai depender de muita negociação. Segundo a avaliação do governo, não há mudança ideológica significante entre os novos parlamentares.
A renovação de mais de metade das cadeiras de deputados tampouco garantirá a FHC apoio à proposta de revolucionar o relacionamento político e pôr fim ao fisiologismo, asseguram integrantes do Conselho Político.
A nova prática de relacionamento institucional com os partidos não resistiu ao primeiro mês de mandato do presidente.
O governo não vê unidade de pensamento nas bancadas e calcula que terá de investir muito "para que a base funcione", constatou um dos dirigentes de partidos aliados, ao justificar as listas de indicações políticas para cargos no Executivo.
Oficialmente, o saldo apontado pela contabilidade do Planalto é otimista. Segundo o vice-presidente Marco Maciel, o governo dispõe de 68% de apoio no novo Congresso. "Teoricamente temos base para aprovar as reformas constitucionais", aposta o vice.
Se o governo puder contar com a fidelidade das bancadas dos seis partidos aliados (PMDB, PFL, PSDB, PTB, PP e PL) também não terá maiores dificuldades para manter vetos de FHC ou aprovar projetos de lei de seu interesse.
O primeiro teste do novo Congresso será na votação do veto ao aumento do salário mínimo para R$ 100.

LEIA MAIS
Sobre o novo Congresso à pág. 1-6 e sobre as reformas na Constituição e o PT à pág. 1-7

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