São Paulo, terça-feira, 31 de janeiro de 1995
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Assédio sexual reduz produtividade

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O assédio sexual reduz a produtividade e prejudica a convivência nos ambientes de trabalho das empresas brasileiras.
Esta é uma das conclusões da tese de mestrado "Assédio Sexual no Local de Trabalho: Problemas e Possíveis Soluções a Partir de Estudos de Casos", da psicóloga Sílvia Generali da Costa, 32, na área de administração e recursos humanos na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
A tese, que obteve o conceito A (máximo) da banca examinadora, constata que as empresas, de modo geral, não têm uma política definida para tratar do assunto.
Em março, o trabalho vai se transformar no livro "Assédio Sexual, uma Versão Brasileira" (título provisório), editado pela Artes e Ofícios.
A psicóloga, pós-graduada em administração e estratégia empresarial, apurou que as mulheres são as vítimas do assédio sexual e que a maior incidência do problema ocorre entre operárias.
O agressor quase sempre é o superior imediato, que se utiliza de sua "relação de poder" para assediar. Em sua tese, a psicóloga conceituou como assédio "a pressão feita para exigir favor sexual em troca de vantagem no emprego".
Sílvia desenvolveu a pesquisa em três empresas (duas públicas e uma privada), cujos nomes são mantidos em sigilo, bem como a identidade dos envolvidos.
Segundo a psicóloga, o baixo grau de escolaridade torna as funcionárias de nível operacional mais suscetíveis ao assédio porque elas têm mais medo de perder o emprego.
"O problema não é tão grave nos níveis hierárquicos mais altos, onde a pessoa tem mais chance no mercado de trabalho", disse.
A psicológa disse ser "natural" que as mulheres sejam mais vítimas do que assediadoras porque ainda é "muito baixa", no Brasil, a presença de mulheres em cargos executivos.
Ela não encontrou nenhum caso de homem assediado nas três empresas.
Sílvia disse que o assédio reduz a produtividade, porque "o clima fica ruim" na empresa. Ela acha que as empresas devem criar uma política contra o assédio para ter um "ambiente de proteção" aos funcionários.

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