São Paulo, terça-feira, 31 de janeiro de 1995
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Tendência do Senado é reprovar ajuda

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Lideranças dos principais partidos do novo Senado, que toma posse hoje, querem que a proposta do governo de socorro financeiro ao México passe por uma tramitação lenta na Casa.
Há resistências ao projeto. Os partidos de esquerda –PDT, PT, PSB e PPS, que somam 13 senadores– pretendem votar contra. No PMDB, maior partido no Senado com 23 senadores, também há votos contrários.
A tendência no governo é a de submeter ao Senado a proposta de socorro ao México, que deverá ser feita pela abertura de uma linha de crédito de US$ 300 milhões em favor daquele país.
Na equipe econômica, há quem prefira apenas manter o Senado informado, para evitar negociações políticas.
"Este Senado não vai querer comer um prato feito. Tudo terá que ser examinado. Pelo que foi dito até agora, eu sou totalmente contra", disse o senador Gilberto Miranda (PMDB-AP), vice-presidente da Comissão de Assuntos Econômicos.
Miranda chegou a dizer que a tendência majoritária em seu partido é reprovar a proposta de socorro financeiro ao México, que deverá passar pela comissão e depois pelo plenário do Senado.
Pelo PFL, o senador João Rocha (TO), presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, pretende convocar o ministro Pedro Malan (Fazenda) e até outros membros do governo, para que expliquem o auxílio ao México.
Os futuros líderes do PT, Eduardo Suplicy (SP), do PDT, Júnia Marise (MG), e do PPS, Roberto Freire (PE), são contrários ao socorro e defendem a tramitação lenta. "O governo terá que esperar um pouco", disse Freire.
Entre os partidos de esquerda, os senadores defendem que o governo não pode socorrer o México enquanto faz cortes no Orçamento e nega aumentos para o salário mínimo.
O governo confirmou que vai integrar o esforço latino-americano de ajuda ao México, mas não sabe como nem quanto vai repassar àquele país.
"O Brasil está examinando as condições da operação nesse momento", disse ontem, no início da noite, o porta-voz da Presidência, embaixador Sérgio Amaral.
Como não está decidida a forma de repasse dos recursos, o embaixador não soube dizer se o Senado brasileiro terá que aprovar o empréstimo. "Mas, quer precise ou não, o governo manterá o Senado informado", disse Amaral.

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