São Paulo, terça-feira, 31 de janeiro de 1995 |
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Notícia tem doses de terrorismo e de realidade
CLÓVIS ROSSI
É bem provável que ambas as respostas contenham uma dose de verdade. Mas é impraticável, no momento, saber qual delas está mais próxima da realidade. Pelo lado dos interessados em que o Congresso aprove o pacote, há o seguinte: 1 - O presidente Bill Clinton tem inescapável necessidade de que a ajuda seja aprovada e depressa. Sua intensa ação política para fazer passar no Congresso o Nafta (a associação México/Canadá/EUA) transformou o México no "president's baby" (o bebê do presidente), na expressão de Stephen Rosenfeld, colunista do jornal "The Washington Post". Um pai que deixe o filho afogar-se, mesmo que seja em uma crise de liquidez, está politicamente condenado. 2 - Os investidores que puseram uma pilha de US$ 70 bilhões em Tesobonos (título indexado ao dólar) querem recuperar parte do dinheiro já perdido e, acima de tudo, evitar novas e maiores perdas. 3 - Os chamados mercados emergentes (Brasil, entre eles) temem o contágio da crise mexicana. "Estamos agindo por solidariedade mas também por temor ao contágio", admite o chanceler colombiano Rodrigo Garcia-Pesa. A Colômbia somou-se a Brasil, Argentina e Chile para oferecerem US$ 1 bilhão ao México. Mas, pelo lado de a moratória ser uma hipótese real, joga o inescapável fato de que as reservas mexicanas são insuficientes. A notícia de "The International Herald Tribune" de que as reservas haviam caído a cerca de US$ 2 bilhões pode até ser exagerada. Como era previsível, o Banco de México (o banco central local) desmentiu. Disse que era "totalmente falsa" a informação. Mas não disse quais são as reservas. Pior: insinuou que a cifra só estaria disponível dentro de 10 dias. Um país sob tão tremenda pressão não pode estender por tanto tempo a divulgação de um dado vital. Mesmo que se admita que as reservas sejam ainda de US$ 5,5 bilhões, última cifra disponível após a crise de dezembro, são insuficientes. Basta lembrar que apenas no primeiro trimestre do ano vencem US$ 10,3 bi em Tesobonos. "Os vencimentos de Tesobonos nos próximos meses poderiam provocar uma crise de insolvência cambial", avisava o jornal especializado mexicano "El Economista". Foi dia 28 de dezembro, muito antes, portanto, de o "Herald Tribune" levantar idêntica hipótese. Texto Anterior: Peso mexicano tem queda de 14,7% Próximo Texto: Readmitida no clube; Cronograma mundial; Expansão geral; Sem piloto; Hiato jurídico; Esperança é...; No interior; Prejuízo bilionário; Perda reconhecida Índice |
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