São Paulo, terça-feira, 31 de janeiro de 1995
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Chance de moratória acende sinais de alarme

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A DAVOS

A hipótese de uma moratória do México no pagamento de sua dívida, se não for imediatamente aprovado o pacote de ajuda proposto pelo governo norte-americano, acendeu todos os sinais de alarme entre empresários, investidores e governantes mundo afora.
A moratória mexicana ganhou o título principal da edição de ontem do jornal "The International Herald Tribune", editado em Paris e impresso, simultaneamente, em outras 11 capitais, de Tóquio a Nova York.
Trata-se de uma associação entre "The Washington Post" e "The New York Times", dois dos jornais de maior credibilidade internacional.
Por isso, a informação foi levada a sério, como o demonstra o que se via ontem no Centro de Congressos de Davos.
"Não consigo ver como o México vai lidar com essa situação, sem assistência externa", disse o mega-investidor George Soros.
O chanceler da Colômbia, Rodrigo Pardo Garcia-Pesa, emendava: "Em uma crise de liquidez como a mexicana, as expectativas desempenham papel fundamental. E uma notícia como essa, por si só, cria uma expectativa fortemente negativa".
Mas talvez o melhor retrato da ansiedade era fornecido pelo estande que a agência britânica de notícias Reuters montou no Centro de Congressos, ao qual comparecem diariamente cerca de 850 empresários, perto de 200 funcionários governamentais de primeiro escalão e 300 acadêmicos.
Quando o enviado da Folha pediu à recepcionista que atende o estande para ler o noticiário sobre o México, ela devolveu de imediato: "É o que todo o mundo aqui está fazendo".
Consequência inevitável: congestionamento de telefonemas para Washington, em busca de novidades sobre o pacote de US$ 40 bilhões de dólares com o qual o presidente Bill Clinton tenta salvar o México da quebra.
Os retornos foram coincidentes: o pacote só passa se for alterado. Uma das alterações será uma redução no montante proposto.
Steve Hanke, economista da John Hopkins University que quer vender ao México a idéia da "currency board", falou com o senador Jesse Helms, presidente da poderosa Comissão de Relações Exteriores do Senado. Depois contou à Folha que Helms lhe assegurara que o pacote não passaria, a menos que houvesse modificações na forma (não especificadas).
Também o senador Bob Dole, líder da maioria republicana, transmitiu a um interlocutor a tese de que o pacote só passa com alterações que "reduzam o risco para os contribuintes norte-americanos".

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