São Paulo, terça-feira, 31 de janeiro de 1995
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Produtor quer fazer 'Dona Flor' para a TV

ALCINO LEITE NETO
DO ENVIADO ESPECIAL A CAXIAS DO SUL

Um dos maiores sucessos de bilheteria produzidos por Luís Carlos Barreto foi "Dona Flor e Seus Dois Maridos", dirigido por seu filho Bruno em 1976. A refilmagem do livro de Jorge Amado no formato de uma minissérie de TV está entre os principais projetos da empresa LC Barreto para 1995.
"Dona Flor é hoje uma trade mark", diz Barreto. "Vamos fazer uma minissérie independente e colocar no mercado. A TV que se interessar compra."
É hoje um consenso que grande parte do sucesso do filme se deve à presença de Sonia Braga no papel-título. Mas, por pouco, não foi outra a estrela de "Dona Flor": Regina Duarte.
"Sonia teve uma crise existencial 15 dias antes de fazer Dona Flor", conta Barreto. "Eu disse a ela: 'Olha, eu atraso o filme e você vai procurar o colo de sua mãe'. Procurei, então, a Regina Duarte, que na época era a namoradinha do Brasil".
Regina Duarte leu o roteiro e ficou fascinada pelo papel. "Ela me disse: 'Barreto, tenho a impressão de que se eu fizer este papel vou fazer bem, porque Dona Flor é um lado oculto meu' ". Dez dias depois da conversa com o produtor, La Braga superou a crise.
Quem será a nova Dona Flor de Luís Carlos Barreto, papel que pode consagrar uma atriz da noite para o dia? O produtor não sabe ainda, mas aposta em alguns nomes: "Existem aí umas duas ou três que poderiam fazer Dona Flor, talvez a Letícia Sabatella, a Claudia Ohana, talvez a Camila Pitanga..."

Chatô
Além de "O Que É Isso, Companheiro?", o livro de Fernando Gabeira que começa a ser rodado em julho por Bruno Barreto, outro projeto central da LC Barreto é a filmagem da vida do magnata da imprensa brasileira Assis Chateaubriand (1892-1968).
O produtor tentou comprar os direitos do livro de Fernando Morais "Chatô - O Rei do Brasil", mas não conseguiu. Não está em seus planos desistir do filme, até por razões pessoais. Afinal, foi um dos grandes amigos do dono dos Diários Associados.
"Este filme é uma das minhas prioridades, e gostaria que o Arnaldo Jabor dirigisse", diz. Barreto promete inclusive contar um episódio que Morais deixou de fora no livro: "Quero mostrar a cena patética do caixão de Chateaubriand –antes do velório em São Paulo–, sobre uma lápide no Cemitério do Caju, no Rio, sozinho, sem ninguém a velar por ele".
Está nos planos de Barreto, ainda, a filmagem do romance "Meu Tio Ataualpa", de Paulo Carvalho Neto. Ele gosta tanto do livro que chegou a convidar Pedro Almodóvar para dirigir a adaptação.
O diretor espanhol declinou do convite. Conta Barreto: "Ele falou que tinha gostado muito do livro, mas que não tinha conhecimento cinematográfico para fazer o filme. Disse: 'Eu nunca estudei cinema e ainda estou aprendendo. Quem sabe daqui uns três ou quatro filmes eu possa fazer este?' ".
(ALN)

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