São Paulo, terça-feira, 31 de janeiro de 1995 |
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HQ italiana rouba a cena no Salão de Angoulême
ANDRÉ FONTENELLE
Os autores italianos para adultos, como Milo Manara, foram os convidados de honra, enquanto os "fumetti popolari", fenômeno de vendas, foram a sensação (leia texto nesta página). O prêmio Alph-Art de melhor álbum estrangeiro ficou com a Itália: "Jonas Fink", de Vittorio Giardino, trilogia de um jovem na Tcheco-Eslováquia comunista. O vencedor na outra categoria principal, melhor álbum francês, foi André Julliard, por "Le Cahier Bleu" ("O Caderno Azul"), história de uma mulher com dois pretendentes misteriosos. A ausência mais sentida também foi a de um italiano: Hugo Pratt, 67, autor de "Corto Maltese" e convidado de honra, não apareceu. "Ele acha o salão muito comercial", cochichou-se nos bastidores. O Salão mostrou a vitalidade dos velhos campeões da HQ franco-belga: Astérix, 36, Tintim, 66, e Lucky Luke, 49, continuam a ofuscar as criações posteriores. Por exemplo, a palestra de Mandryka, 55, que recebeu o Grande Prêmio de 94, foi esvaziada pela presença, na mesma hora, de Morris, 72, que autografava álbuns de Lucky Luke. Tintim continua a ser a galinha dos ovos de ouro da editora Casterman, 12 anos após a morte do belga Hergé, seu criador. Sem poder lançar álbuns novos, a editora publica livros especiais para os colecionadores, como uma versão de "Tintim no Tibete" em... tibetano. Os "comics" e a "manga", porém, ainda têm que vencer o preconceito de seus colegas europeus. Por exemplo, apenas um autor norte-americano, em 22 anos, recebeu o Grande Prêmio de Angoulême: Will Eisner. O francês Mandryka resume a impressão dos autores europeus: "Não gosto da produção de massa, de onde quer que venha. A HQ norte-americana é como o cinema norte-americano: são os senhores do planeta e impõem sua cultura." Mandryka é o criador do "Pepino Mascarado", protagonista de histórias cheias de absurdo e símbolo do salão deste ano. Internet Os franceses, por sua vez, dão passos tímidos para tentar conquistar o mercado norte-americano. Jean Léturgie, 47, está criando uma história em quadrinhos acessível pela rede Internet. Ele quer integrar à HQ o hipertexto. Quando o personagem aparece, por exemplo, em Paris, o usuário pode clicar sobre "Paris" e saber mais sobre a cidade. Há 12 anos, Léturgie é o roteirista de Lucky Luke. Ganhadores do prêmio Alph-Art deste ano: "Le Cahier Bleu", de André Julliard (melhor álbum francês); "A Infância de Jonas Fink", de Vittorio Giardino (Itália, melhor álbum estrangeiro); "Le Lièvre de Mars", de Parras e Cothias (melhor roteiro); "La Vache: A Mort l' Homme, Vive l' Ozone", de De Moor e Desberg (humor); "Peter Pan: Tempête", de Régis Loisel (júri popular). Grande Prêmio pelo conjunto da obra: Philippe Vuillemin. Texto Anterior: NETNOTAS Próximo Texto: Busiek é destaque americano Índice |
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