São Paulo, domingo, 1 de outubro de 1995
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Tríplice aliança contra o HIV

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Um esquema tríplice (uso de três drogas simultaneamente) pode ser uma saída para o controle do vírus HIV, causador da Aids.
A hipótese dos pesquisadores é que a associação entre três antivirais distintos venceria a variabilidade genética do vírus e sua capacidade de desenvolver resistência.
O esquema tríplice também foi a solução encontrada pela ciência para deter o avanço da tuberculose, uma das doenças que mais matam no mundo.
No caso do HIV, os especialistas não acreditam numa droga que consiga eliminar completamente o vírus do organismo. As fichas estão sendo apostadas em medicamentos que vão possibilitar um controle da infecção.
Assim, a Aids entraria no rol das doenças crônicas, que necessitam de controles e tratamentos contínuos. Ricardo Tapajós e Gerald Friedland estimam que, em um prazo de dez anos, deve ser encontrada uma combinação eficaz entre os diversos antivirais.
No entanto, alguns obstáculos já começam a aparecer. Esquemas tríplices já foram testados com as drogas disponíveis, e a resposta não foi boa -o vírus acabou desenvolvendo resistência.
As novas drogas deverão se mostrar mais eficazes, apresentar menos efeitos tóxicos, e seu custo tem de ficar mais baixo. Poucos pacientes ou sistemas de saúde terão condições de manter um tratamento antiviral por 30 ou 40 anos ao preço atual dos medicamentos.
Novas classes de drogas devem ser integradas ao arsenal dos antivirais nos próximos anos.
Entre elas, medicamentos que atuem na enzima chamada transcriptase reversa, o mesmo alvo das drogas atuais (AZT, ddI, ddC e d4T), mas de modo distinto.
Conhecidos como inibidores não-competitivos da transcriptase reversa, esses medicamentos acabariam bloqueando o ciclo do vírus. O Foscarnet e a Nevirapina são dois exemplos dessa classe.
Outras drogas em pesquisa atuam sobre genes do HIV que controlam a própria atividade do vírus, conhecidos como genes reguladores ``tat". Drogas anti-"tat", que buscam um controle genético sobre o vírus, estão em fase inicial de estudos.
Mas o tratamento dos portadores do HIV não se resume aos antivirais. Outros remédios são fundamentais para a melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

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