São Paulo, segunda-feira, 2 de outubro de 1995 |
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Profissionais do Spray
RONALDO SOARES
É o caso de Hamilton Ronqui, 24, Miquéias Gomes, 22, e Marcelo Batista, 23, ex-integrantes de uma turma de pichadores. Há dois anos, largaram o spray e montaram uma grife, batizada com o nome da turma: ``Doido é doido". Como pichador, cada um usava o tubo de tinta spray cerca de 20 vezes por noite e ganhava fama entre os ``manos" (veja quadro à esq.). Hoje, Hamilton, Miquéias e Marcelo vendem cerca de mil peças de roupas por mês e recebem aproximadamente R$ 3.000. Só que a fama de pichador, tão difícil de ser removida quanto uma pichação no muro, às vezes atrapalha os negócios. ``Já cheguei a dizer para um lojista que eu nunca pichei, só roubei dos pichadores o nome da marca", diz Hamilton. Os irmãos Jeferson, 19, e Ânderson Ventura, 21, também pararam de pichar, mas continuam usando rolinhos de tinta e sprays para trabalhar. Eles fazem grafites (pinturas artísticas em muros ou painéis) por R$ 200. Para Jeferson, foi uma verdadeira conversão. ``Descobri que pichar não me levava a nada. Eu não tinha hora nem para comer, era como um viciado em drogas. Se não saísse para pichar, nem conseguia dormir direito." Nilton Fábio Mota, 19, outro que virou grafiteiro, diz que passou a ser respeitado quando mudou de atividade. ``Antes, sempre tinha problema com os policiais. Agora, falo que sou grafiteiro, mostro meus desenhos e eles me deixam em paz." Próximo Texto: Em 91, paulistas picharam o Cristo Índice |
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