São Paulo, segunda-feira, 2 de outubro de 1995
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Caso Simpson deixa polícia de prontidão

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A polícia de Los Angeles está de prontidão com um plano de emergência para evitar possíveis conflitos de rua após o anúncio do veredicto do caso O. J. Simpson. O júri que definirá o resultado começa a deliberar hoje.
Ontem, o clima em Los Angeles era de expectativa. Diversos líderes religiosos de comunidades negras usaram os sermões dominicais para exortar seus fiéis à calma quando o veredicto for divulgado.
Mas muitos deles admitiam ter evidências de que uma eventual condenação de Simpson, que é negro e está sendo julgado pelo homicídio de dois brancos, poderá servir de pretexto para ação de grupos radicais.
Em 1992, a absolvição de quatro policiais brancos acusados de uso excessivo de força na prisão de um motorista negro foi o estopim para três dias de saques e destruição na cidade, que resultaram em 58 mortes.
O chefe da polícia de Los Angeles, Willie Williams, que é negro, acusou o advogado de defesa de Simpson, Johnnie Cochran, também negro, de ter criado um clima de guerra na cidade com seus argumentos ao júri.
Cochran centrou a defesa de Simpson, acusado do assassinato de sua ex-mulher e de um amigo dela, na tese de que o réu foi vítima de um complô de policiais racistas. Ele incitou o júri a tomar uma decisão política.
Os jurados são nove negros, dois brancos e um hispânico. O júri que absolveu os policiais brancos em 1992 era composto por dez brancos, um hispânico e um asiático-americano.
Pesquisa nacional mostra que 77% dos brancos acham que Simpson é culpado e 72% dos negros dizem que ele é inocente. Os negros são 12% da população dos EUA e 16% da de Los Angeles.
A promotoria acusa Simpson de ter matado a ex-mulher, Nicole Brown, por ciúme e por não se conformar com a separação entre os dois. Simpson tinha um histórico de agressões físicas contra ela.
O amigo de Brown, Ronald Goldman, segundo a promotoria, morreu por estar no lugar errado na hora errada. Goldman e Brown não eram namorados.
O júri tem dez mulheres e dois homens. As mulheres são: uma técnica em computação, 44; uma enfermeira, 38; três funcionárias dos correios, 52, 37 e 28; uma funcionária de seguradora, 22; uma faxineira aposentada, 71; uma vendedora, 50; uma atendente hospitalar, 24; e uma lojista aposentada, 60.
Os dois homens são um vendedor de companhia telefônica, 43, e um motorista de caminhão, 32. O motorista é o hispânico. As duas pessoas brancas são mulheres.
Só quatro jurados são casados. Há três divorciados e cinco solteiros. Só dois jurados terminaram faculdades. Os outros, exceto um, terminaram o curso colegial.
Não há prazo para a deliberação. Se for considerado culpado, Simpson pode pegar de 15 anos de cadeia a prisão perpétua.
(CELS)

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