São Paulo, segunda-feira, 2 de outubro de 1995
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EUA condenam dez por conspiração

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Um júri federal norte-americano considerou o xeque egípcio Omar Abdel-Rahman e mais nove muçulmanos culpados de conspiração para explodir o edifício das Nações Unidas, pontes e túneis em Nova York.
Abdel-Rahman, 57, que é cego, ouviu o veredicto por meio de fones de ouvidos usados para tradução simultânea, com a cabeça abaixada, posição em que passou todo o julgamento.
O xeque, segundo sua advogada, Lynne Stewart, afirmou: “Não sou a primeira pessoa a ser presa por suas crenças e não serei a última. Vou perseverar e continuar a servir a Deus”.
Abdel-Rahman pode ser condenado à prisão perpétua. Sua sentença será anunciada em janeiro.
Este é o segundo de três julgamentos relacionados com a explosão no World Trade Center, em 26 de fevereiro de 1993, que matou seis pessoas, feriu cerca de mil outras e provocou prejuízos de US$ 500 milhões.
No ano passado, quatro muçulmanos foram condenados a 240 anos de prisão cada um pela explosão em si. A polícia descobriu que os quatro eram discípulos do xeque Abdel-Rahman, o que levou à prisão dele.
No ano que vem, Ramzi Yousef, considerado o arquiteto material da explosão do World Trade Center, será julgado por ter planejado outros atentados, inclusive contra aviões em pleno vôo.
A promotoria apresentou diversas fitas de áudio obtidas por um informante da polícia federal. Em várias delas, o xeque é ouvido dizendo: “Precisamos aterrorizar os inimigos do islamismo”.
Abdel-Rahman entrou nos Estados Unidos em 1990 devido a um erro do serviço de imigração. Ele havia sido indiciado duas vezes no Egito como mentor intelectual do assassinato do presidente Anuar Sadat, em 1981, mas foi absolvido.
Em 1994, quando já estava preso nos Estados Unidos, ele foi condenado no Egito a sete anos de trabalhos forçados por sua participação numa série de manifestações de rua contra o governo, em 1989.
Segundo a defesa do xeque, ele foi vítima de falsas acusações da polícia federal, que as teria inventado para salvar a sua pele por não ter agido a tempo para evitar a explosão do World Trade Center.
A defesa do xeque diz que um informante muçulmano avisou a polícia de que o World Trade Center seria alvo de atentado poucas semanas antes de ele ter ocorrido de fato.

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