São Paulo, segunda-feira, 2 de outubro de 1995
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Socialistas vencem as eleições em Portugal

JAIR RATTNER
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE LISBOA

Depois de dez anos na oposição, o Partido Socialista venceu as eleições para o Parlamento português, realizadas ontem.
Liderado por Antônio Guterres, o PS obteve a maior votação de sua história, marcando uma reviravolta na política do país.
Até as 22h de ontem (hora de Lisboa, 19h em Brasília), ainda era impossível dizer se os socialistas tinham conseguido obter a maioria absoluta das cadeiras do Parlamento.
As pesquisas de boca-de-urna, feitas por três institutos diferentes, apontavam que o partido teria entre 109 e 116 deputados da Assembléia da República portuguesa. O Parlamento tem 230 deputados.
O sistema eleitoral português foi concebido para ajudar a formação de maiorias. Basta um partido ter cerca de 43% dos votos válidos para ter a maioria absoluta (116 deputados). Para o PS, as projeções indicavam uma votação entre 40 e 44% dos votos.
O principal perdedor foi o Partido Social Democrata, que caiu cerca de 15 pontos percentuais. O PSD foi conduzido pelo ex-ministro da Defesa Fernando Nogueira, depois da decisão de Cavaco Silva de não se candidatar novamente para o cargo de primeiro-ministro.
Segundo as projeções, o PSD deverá ter entre 90 e 95 deputados no Parlamento. Atualmente, ele conta com 135.
A queda do PSD teve consequências negativas na possibilidade de Cavaco Silva se candidatar a presidente. Diante da iminência do desastre eleitoral, nas últimas semanas Cavaco Silva começou a participar da campanha, sendo responsabilizado pela derrota juntamente com Nogueira.
O Partido Popular (de direita) e o Partido Comunista Português conseguiram atingir seus objetivos eleitorais. Segundo as projeções, o Partido Popular deverá dobrar sua votação, passando de 4% para 8% ou 9%. Com isso, deverá subir de 4 deputados para 14.
O PCP -o maior e mais ortodoxo dos partidos comunistas europeus- também deve obter entre 8% ou 9% dos votos, a mesma votação de 1991. A campanha do PCP teve como meta evitar a sangria de votos para os socialistas.
Entre os pequenos partidos, as projeções indicam a possibilidade de eleição de um deputado do Partido Socialista Revolucionário, de tendência trotskista. Para isso, deve obter 2% dos votos em Lisboa.
Apresentando-se aos eleitores na Coligação Democrática Unitária, o PCP deve ficar com 17 deputados, a mesma bancada que tem atualmente.
Nestas eleições ocorreu a maior taxa de abstenção desde a implantação da democracia em Portugal. Cerca de 35% dos cerca de 8,7 milhões eleitores não exerceram seu direito de voto. Em 1991, as abstenções foram 32,23%.

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