São Paulo, segunda-feira, 2 de outubro de 1995
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Campanha para Presidência já começou

JAIR RATTNER
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE LISBOA

A apuração dos votos para o Parlamento português ainda não tinha terminado ontem quando começou a campanha eleitoral para a Presidência.
Todos os partidos passaram a se preparar para as eleições presidenciais, que serão em janeiro. Na sede do PSD, a derrota foi recebida com gritos de ``Cavaco presidente". O atual premiê deve decidir nos próximos dias se concorre à sucessão de Mário Soares.
No PS, o candidato Jorge Sampaio -atual prefeito de Lisboa- já está em campanha há três meses e vai tentar aproveitar o estado de graça do governo socialista.
Ligado à ala esquerda do PS, Sampaio deverá contar com o apoio dos comunistas.
As pesquisas de intenções de voto para presidente divulgadas ontem davam 30% para Sampaio, 27% para Cavaco e 13% para o ex-presidente Ramalho Eanes.
O governo que vai ser formado pelo Partido Socialista depende do número de deputados que o partido conseguir.
Ontem, faltando 15 seções para apurar, o PS não deve obter a maioria absoluta. O objetivo do PS não quer negociar com nenhum partido a formação do governo.
Mesmo sem obter a maioria absoluta, o secretário-geral do PS, Antônio Guterres, afirmou que não vai fazer acordos com outros partidos.
Os resultados indicavam uma virada à esquerda do país: pela primeira vez nos últimos dez anos, PS e PCP conquistaram a maioria do Parlamento.
Com 66% dos votos apurados, o líder do PSD, Fernando Nogueira, admitiu a derrota.
``Eu acredito que tinha de perder. O desejo de mudança era muito profundo", disse Fernando Nogueira, ao felicitar Antônio Guterres pela vitória.
Para o PS, o problema vai ser compatibilizar as expectativas que criou com os compromissos assumidos por Portugal com a União Européia.
As principais orientações da política econômica estão definidas pelo Tratado de Maastricht.
O tratado prevê para 1999 a união econômica e monetária da Europa, com a introdução da moeda única.
Para isso, todos os países vão ter de seguir uma política econômica restritiva, que condiciona o crescimento e pode impedir o cumprimento das promessas eleitorais. Por causa da moeda única, os objetivos de política econômica do PS e do PSD são basicamente os mesmos.
(JR)

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