São Paulo, segunda-feira, 2 de outubro de 1995
Texto Anterior | Índice

Ensino religioso; Bráulios e Jatene; Decadência; Resíduo para todos; Árvores plantadas; Crime e sociedade; Cortina de fumaça; Capitão Enéas; Aumento de gasolina

Ensino religioso
``Será que os teóricos que andam discutindo e escrevendo sobre o ensino religioso nas escolas públicas estaduais já entraram em alguma destas escolas nos últimos cinco anos? Toda a violência, a agressividade, a falta de respeito e de solidariedade ao ser humano não estão do lado de fora dos muros, estão lá dentro também. E não existe nada, de maneira específica, que reviva nos alunos os valores humanos fundamentais presentes em todos os credos religiosos. O ser humano que teve a sua religiosidade despertada será um adulto consciente capaz de se posicionar dentro dos credos que existem sem se submeter a pressões e chantagens emocionais ou psicológicas. Ele terá a sua liberdade de escolha. A proposta é válida; se é oportuna ou não, isto é outra questão a ser resolvida."
Maria Abbá Cirino Nogueira (São Paulo, SP)

``Ao que parece, a questão do ensino religioso nas escolas públicas está despertando paixões virulentas entre os leitores desta Folha. É preciso esclarecer a M.A. Salles e a D. Guelman, e possivelmente a muitos outros leitores, que se trata de disciplina com matrícula facultativa, como reza o artigo 210, parágrafo 1º, da Constituição brasileira. Guelman acha `absurdo que se imponha o ensino da religião cristã nas escolas públicas'. Ora, em primeiro lugar não se está impondo nada, foram os representantes escolhidos pelo povo que assim o decidiram. Já o `sociólogo pós-graduado' Salles desfia seus grosseiros preconceitos e sua completa desinformação sobre o que seja religião, a qual mui respeitamente considera `lixo' e `mentira'. Pergunto: que `lixo' engendraria a catedral de Notre Dame de Paris (cristianismo), os templos de Kioto (budismo e xintoísmo), o templo de Salomão (judaísmo), ou as mesquitas de isfaham (islamismo)?"
Mateus Soares de Azevedo (São Paulo, SP)

``Superindignado, leio a carta do sr. Marco Antonio Salles no `Painel do Leitor' do dia 29/8. Não discuto o mérito da questão, mas a sua linguagem me faz duvidar da sua pós-graduação em sociologia. Será que foi por alguma faculdade de fim-de-semana de Caporanga? Um sociólogo que se preze no mínimo respeita as pessoas e suas crenças, mesmo que não concorde com elas."
Francisco Nunes (São Paulo, SP)

Bráulios e Jatene
``Os Bráulios se sentiram prejudicados, reclamaram e conseguiram sensibilizar o Ministério da Saúde. Aproveitando o momento, nós contribuintes assalariados empobrecidos e miseráveis, deveríamos escrever e telefonar para o dr. Jatene, visando acabar com a idéia do imposto do cheque, uma das mais odiosas, absurdas e injustas criadas no Brasil."
J. Lino (São José dos Campos, SP)

Decadência
``Infeliz a posição do sr. Jorge Lindemeyer no `Painel do Leitor' de 26/9, afirmando que Dias Gomes mostrou decadência frente à série que despertou discussões sobre a religiosidade de milhões de pessoas. Não sou noveleiro nem admirador da `política global', mas a minissérie `Decadência' apresentou situações um tanto similares às observadas na gênese do grandioso império Edir Macedo. Está mais que na hora de a sociedade discutir o assunto."
José Queid Tufaile Huaixan (São José do Rio Preto, SP)

Resíduo para todos
``Conforme notícia divulgada por este jornal em 29/9, os empresários da construção civil acionaram seu fantástico `lobby' e já conseguiram do governo uma medida provisória (a ser editada) que permite a cobrança de resíduo inflacionário nos contratos de financiamento de imóveis. Por uma questão de justiça, queremos todos saber se esses empresários pagarão esses mesmos resíduos nos salários dos seus empregados por ocasião dos dissídios coletivos, ou se o governo irá permitir condição idêntica para todos os trabalhadores, visto que o concedido aos empresários nada mais é, na prática, que reajustes mensais."
Flávio Rodrigues Fonseca (Rio de Janeiro, RJ)

Árvores plantadas
``Na zona Leste, onde trabalho, a Prefeitura de São Paulo, numa iniciativa `ecologicamente sem igual', está promovendo a recuperação da Floresta Tropical Atlântica, plantando milhares ou centenas de milhares de árvores (de uma forma exatamente igual àquela encontrada na mata original: sem planejamento, sem critério; simplesmente onde houver um pedacinho de terra, por menor que seja, lá será plantada uma arvorezinha). E, caso não haja o pedacinho de terra, sempre haverá uma picareta para resolver o problema. A prefeitura, em seu `slogan' que acompanha a cerquinha verde que protege a arvorezinha, diz estar `melhorando a vida das pessoas'. Acredito que tal iniciativa vai contribuir muito para melhorar a vida das pessoas que fabricam a tal cerquinha! Contudo, gostaria de manifestar minha preocupação quando tais arvorezinhas crescerem: onde os pedestres irão circular?"
Mauricio Pereira da Silva (Santo André, SP)

Crime e sociedade
``A reportagem publicada na Folha em 3/9 é muito importante, mostrando que a desigualdade entre ricos e pobres é a causa maior da criminalidade. Infelizmente, o Brasil é o campeão mundial de desigualdade social, título vergonhoso conferido pelo Banco Mundial (Bird). Na reportagem focalizada, um fato que deve ser considerado: nas metrópoles com menor índice de homicídios, há a associação constante da pouca desigualdade social e forte policiamento (Madri, Londres e Paris), como também da pouca desigualdade social e alto nível de escolaridade (Tóquio). Não seriam estes os caminhos para também resolver a nossa angustiante escalada da criminalidade?"
Mario Negreiros dos Anjos (Niterói, RJ)

Cortina de fumaça
``Parabenizo o artigo `Cortina de fumaça' do sr. Otavio Frias Filho, publicado em 28/9 nesta Folha, onde de forma precisa e objetiva desnuda a pseudomudança do sr. Maluf. A execução orçamentária de 1995 do executivo municipal comprova as afirmações do articulista. Por exemplo, das 54 creches aprovadas pela Câmara Municipal, só uma está sendo construída, das 108 escolas só quatro estão sendo executadas, ao passo que em propaganda, até agosto passado, já foi gasto 33% além do valor aprovado no orçamento para o ano todo."
Odilon Guedes, vereador pelo PT-SP (São Paulo, SP)

Capitão Enéas
``No que diz respeito ao conteúdo do artigo `Comunidade (nada) solidária' (Folha, pág. 1-2, 10/9) de Josias de Souza, nada tenho a contestar. Porém, geograficamente, em pertinência à localização da cidade de Capitão Enéas, ex-Burarama, o renomado articulista cometeu um `pequeno' engano. Capitão Enéas, na verdade, está localizada no norte de Minas, limita-se com a cidade de Montes Claros -minha terra natal-, sendo que, esta última, até onde eu saiba, está localizada no norte de Minas e, portanto, seria impossível a sua transferência para o Vale do Jequitinhonha. Deve ser do conhecimento desta Folha, bem como do articulista que há cerca de 15 dias a cidade de Montes Claros foi abalada por três terremotos e, quem sabe, com o acontecimento desses fenômenos a cidade de Capitão Enéas, ex-Burarama, tenha sido `empurrada' em direção ao Vale do Jequitinhonha."
José Antônio de Queiroz (Belo Horizonte, MG)

Aumento de gasolina
``Que interessante a manchete de 26/9. Aumento de gasolina para atender reivindicação de donos de postos de gasolina. E quem vai atender as reivindicações dos trabalhadores brasileiros, sufocados por este outro plano? Eta Brasil!"
Sandra Amaral (Belo Horizonte, MG)

Texto Anterior: Povo fora do controle do Orçamento e do Judiciário
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.