São Paulo, terça-feira, 3 de outubro de 1995
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Paes viaja a SP para agradecer a Quércia

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A eleição do deputado Paes de Andrade (CE) à presidência do PMDB ainda é comemorada pelo quercismo. Paes ligou ontem para Orestes Quércia e combinou que nesta semana virá a São Paulo para sua primeira visita como dirigente do partido.
Paes agradeceu a Quércia o apoio da delegação paulista, que, no fim, garantiu sua vitória por um voto de diferença sobre um antigo aliado do quercismo, o deputado paulista Alberto Goldman.
Boa parte da nova Executiva peemedebista é ligada a Quércia, a começar pelo deputado federal Marcelo Barbieri (SP), primeiro vice-presidente.
O objetivo principal de Quércia, agora, é faturar em cima do triunfo do deputado cearense. ``O Goldman é nosso amigo, mas o Paes era a melhor solução partidária", afirmou o ex-governador paulista.
Embora reconheça que a maioria do PMDB nacional não quer o rompimento com o governo federal, Quércia acha que a eleição de Paes levará o partido a uma posição menos obediente a FHC.
Goldman era o candidato favorito de FHC à presidência do PMDB. A recente aproximação do deputado paulista com os tucanos determinou o veto de Quércia à candidatura de Goldman.
``Com o Paes, pelo menos, o PMDB será um pouco mais independente do governo", acha Quércia.
Antes da eleição de domingo, Quércia já havia desestimulado a candidatura de Goldman à presidência do PMDB paulista por temer a aproximação do aliado com FHC. Na ocasião, o ex-governador indicou o deputado estadual Jayme Gimenez para o cargo.
Nos últimos dias, Quércia enxergou um perigo maior para suas pretensões se Goldman chegasse à direção do partido.
O ex-governador acha que o próximo passo para a cooptação de uma parcela do PMDB paulista seria a nomeação do deputado federal Aloysio Nunes Ferreira Filho para um ministério.
Aloysio é outro defensor histórico de Quércia, que agora tenta correr em raia própria, e é hoje um dos interlocutores preferenciais de Fernando Henrique no PMDB.
Quércia, que ajudou a patrocinar a milionária e derrotada campanha de Aloysio à Prefeitura paulistana em 92, pensa que a eventual nomeação de Aloysio para um ministério esvaziaria seu discurso a favor de um rompimento com o governo federal.
Com a eleição de Paes, avalia Quércia, a indicação de Aloysio (um dos articuladores da candidatura Goldman) fica mais difícil.
Nos próximos dias, Quércia vai tentar a reaproximação com Goldman. O ex-governador avalia que o deputado é um dos poucos políticos do PMDB paulista que têm uma certa inserção em setores hostis ao quercismo, como a universidade e ex-militantes de esquerda.
Quércia obteve um compromisso de Paes: não haverá ingerência da direção nacional contra o discurso oficial do diretório paulista pelo rompimento com o governo.

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