São Paulo, terça-feira, 3 de outubro de 1995
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Goldman vê pressão com verba pública

Para ele, resultado enfraquece PMDB

EMANUEL NERI
ENVIADO ESPECIAL BRASÍLIA

O deputado Alberto Goldman (PMDB-SP) acusou ontem o presidente da Comissão de Orçamento do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), de pressionar prefeitos peemedebistas em favor da candidatura do deputado Paes de Andrade (PMDB-CE) para presidente do partido.
Goldman perdeu no último domingo a disputa com Paes por apenas um voto.
Sua acusação poderá criar um novo foco de crise no partido. Para Calheiros, a acusação é ``indigna e leviana". Segundo ele, Goldman precisa ``aprender a perder".
Goldman disse que a informação do uso da Comissão de Orçamento por Calheiros chegou a ele durante a convenção do PMDB. ``Nós tivemos essa informação, que não é agradável", afirmou.
Para Goldman, Calheiros estava ``tentando obter apoios em troca de algumas promessas" -referia-se a verbas do Orçamento da União.
Mas Goldman diz não saber se a pressão surtiu efeitos. ``Não conseguimos confirmar se algum tipo de voto foi mudado por causa desse tipo de ação", afirmou, em entrevista exclusiva à Folha.
Goldman deve contestar no Judiciário o resultado da convenção. Segundo ele, o prefeito de Fortaleza (CE), Antônio Cambraia, votou de forma irregular. Como convencional suplente, ele votou em lugar do presidente do diretório do PMDB do Espírito Santo, Sérgio Ceotto.
Goldman afirma que o substituto legal de Ceotto é o vice-presidente do diretório do Espírito Santo, Roberto Valadão, que foi impedido de votar. Se tivesse votado, Goldman é que ganharia por um voto.
Goldman também se queixou do apoio a Paes do ex-presidente José Sarney e do ex-governador paulista Orestes Quércia, a quem é ligado politicamente. Para ele, os dois têm ``direito de optar da forma que entendem melhor".
Mas a opção de Sarney e Quércia, segundo Goldman, foi ``absolutamente pragmática". ``Não acho que seja a melhor forma de analisar o futuro de um partido", declara.
No caso do Sarney, segundo Goldman, ele tinha a garantia de que o ex-presidente não ia interferir no processo de votação. ``No último dia, de fato, ele interferiu." Para ele, isso contribuiu para transferência de votos que eram seus para Paes.
Goldman afirmou que o equilíbrio no resultado da convenção -76 contra 75 votos - muda a cara do partido. Para ele, líderes do partido do porte de Sarney e Quércia, que apoiaram Paes, não têm mais o controle absoluto do PMDB.
``Se levarmos em conta que nós tivemos a maioria dos votos, eu diria que a maioria do PMDB deseja ir além das suas lideranças, como Sarney e Quércia. O PMDB deseja ir além disso e mostrar à opinião pública que não é apenas isso."

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