São Paulo, terça-feira, 3 de outubro de 1995
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Mercado japonês quer manter laços com a Vale

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente da empresa japonesa Nippon Steel Corporation, Takashi Imai, pediu ao presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, que com a privatização, a Companhia Vale do Rio Doce mantenha ``o mercado japonês".
A Nippon Steel, maior empresa da área no Japão, importa 25% de sua matéria-prima (minério de ferro) do Brasil e é associada no país à Usiminas e à própria Vale. Segundo Imai, Fernando Henrique disse que ia ``levar em consideração" o que ele havia falado.
A Vale do Rio Doce vende cerca de 50 milhões de toneladas de minério de ferro por ano à Nippon Steel, o que significa um faturamento de cerca de US$ 850 milhões.
A Nippon Steel quer manter os atuais acordos operacionais com a Vale. Estes acordos asseguram o abastecimento do mercado do Japão a preços competitivos, segundo avaliação de seu presidente.
Imai se encontrou com Fernando Henrique durante a 29ª Conferência Anual do Instituto Internacional de Ferro e Aço, no Hotel Intercontinental, em São Conrado, zona sul do Rio de Janeiro.
``Eu mostrei ao presidente o papel importante que a Vale joga na indústria mundial do minério de ferro", disse Imai, para quem ``a privatização da Vale não é importante somente para o Brasil, mas também para a indústria do aço".
``Nós entendemos a importância da privatização da Vale, mas tem que haver uma maneira de conduzi-la para que seja mantido o importante papel que a empresa vem tendo nas relações Brasil-Japão", afirmou o executivo.
Imai disse que a participação da empresa no processo de privatização da Companhia Vale do Rio Doce vai depender da forma como a estatal será vendida.
Imai deu como exemplo de dúvida que a empresa japonesa tem sobre o assunto, o fato de não estar ainda definido se a Vale será negociada em conjunto ou separadamente por alguns de seus ramos de atividade.
``Nós estamos abertos sobre a participação ou não na privatização da Vale. É um problema de caráter econômico. Temos que esperar para ver as condições da privatização. Não sabemos, por exemplo, se as ferrovias vão ser separadas dos outros negócios", disse Imai.
Imai disse ainda que, no encontro, Fernando Henrique Cardoso pediu que a empresa investisse no desenvolvimento do Rio.
O executivo creditou o pedido à presença no encontro do governador do Estado, Marcello Alencar (PSDB), e preferiu não se comprometer.
``Não podemos ver as coisas pelo ponto de vista do presidente, mas sim como homem de negócios. Neste sentido, vamos fazer o melhor que pudermos", disse.
A Vale é considerada a principal empresa incluída no programa de privatizações conduzido pelo governo federal desde 1990. Ela é alvo de disputa política -no Senado, tramita projeto que visa impedir que sua venda seja feita sem o aval, ou, pelo menos, acompanhamento dos parlamentares.

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