São Paulo, terça-feira, 3 de outubro de 1995
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Valores familiares interferem na elitização de cursos universitários

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A elitização de determinados cursos universitários ocorre não por relações mecânicas -como o salário da profissão no mercado de trabalho-, mas por um conjunto de fatores ligados ao prestígio, ao status da profissão e a valores familiares, entre outros.
Essa é a principal conclusão de uma pesquisa com todos alunos que ingressaram na Unicamp de 87 (quando a universidade lançou seu próprio vestibular) e 94.
Em seu mestrado, a socióloga Lara Andréa Crivelaro Bezzan, 26, fez uma análise estatística de 7 das 62 questões respondidas pelos calouros da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Foram analisados renda familiar, nível de instrução dos pais, tipo de escola (pública ou particular) no 1º e 2º graus, ocupação do pai e se o aluno trabalha.
Com esses dados, os 42 cursos da Unicamp foram divididos, ano a ano, em três estratos: superior, intermediário e inferior.
Medicina é o curso mais elitizado -preferido por estudantes de famílias de alta renda e boa instrução-, diz o estudo. De 87 a 94, sempre esteve no grupo superior.
Também estão cada vez mais elitizados os cursos da Unicamp de odontologia, educação física, artes cênicas, artes e os de engenharia mecânica e de alimentos.
Lara afirma que partiu da idéia de que a universidade é elitizada -``o vestibular é um funil onde somente alguns passam". Para ela, ``o problema de segregação não está na universidade, mas na educação de 1º e 2º graus".
A dissertação também elabora um trabalho teórico com o conceito de elites. ``Não são as mesmas pessoas ou grupos que se mantêm na elite. Os indivíduos são movidos por ações não lógicas e a escolha do curso no vestibular segue esse padrão", diz Lara.
(FR)

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