São Paulo, terça-feira, 3 de outubro de 1995
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Exclusão social de pobres começa na escola

ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A escola é a primeira instância social de exclusão de crianças e adolescentes pobres, segundo o MNMMR (Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua).
Dados oficiais coletados pela entidade sobre repetência, evasão e falta de atendimento escolar serviram para justificar a escolha do tema do 4º Encontro Nacional de Meninos e Meninas de Rua, que será aberto amanhã em Brasília. O tema é ``Quero educação para ser cidadão".
``Hoje, a grande luta é garantir o ingresso com sucesso no sistema público de ensino porque a permanência na escola é pequena", disse a coordenadora do movimento, Ieda Silva.
A entidade recorre a levantamentos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para mostrar a exclusão evidenciada nas escolas públicas -de cada mil crianças e adolescentes da área rural matriculados na 1ª série, apenas 15 concluem o 1º grau.
Em média, segundo O MNMMR, para cada mil alunos novos, matriculados na 1ª série, apenas 58 concluíram a 8ª série sem ter repetido qualquer série.
Outra justificativa para o tema do encontro é a discussão sobre a Lei de Diretrizes da Educação em tramitação no Congresso.
Documento elaborado pelo MNMMR que será entregue ao Ministério da Educação reivindica o reconhecimento oficial das entidades dedicadas a educação de meninos e meninas em favelas, ruas e zona rural.
``A escola pública tradicional considera o menino de rua um indolente e burro, sem perceber que o seu horário de funcionamento é inadequado para quem vive do que ganha na rua", afirma a coordenadora do MNMMR.
Segundo ela, as entidades envolvidas com o movimento detectaram que os meninos e meninas de rua não conseguem terminar o 1º grau porque a escola é uma realidade estranha e distante de sua realidade.
``A escola que exige uniforme, material e horários rígidos não pode ser atraente para crianças de comunidades pobres", afirma Silva.

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