São Paulo, terça-feira, 3 de outubro de 1995
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Cartão Verde, Parte 2

JUCA KFOURI

O presidente do Flamengo, Kleber Leite, foi ao programa ``Cartão Verde", da TV Cultura. No ar, fez o que pôde para tentar explicar os motivos da crise rubro-negra.
Articulado, não convenceu os telespectadores, que, em 75% dos telefonemas, desaprovaram as aquisições de Romário e Edmundo, talvez porque o Flamengo seja um dos lanterninhas do Campeonato Brasileiro.
Aqui é a tal história: o resultado seria o mesmo se o Mengo fosse o líder?
O melhor, no entanto, ficou para os 30 minutos seguintes ao programa, quando o presidente do clube mais popular do mundo abordou, sem constrangimento, as questões mais delicadas que envolvem a bagunça chamada futebol brasileiro.
Kleber Leite e este colunista não se dão lá se vão seis anos, quando ele era apenas radialista da Rádio Globo do Rio de Janeiro e dono da Klefer Produções e Promoções Ltda, empresa que, então, já detinha, entre outros, o direito de explorar a camisa e as placas do clube da Gávea.
Independentemente da questão ética, que é uma coisa que ainda, infelizmente, passa a léguas de distância em qualquer discussão envolvendo futebol e jornalistas esportivos no país, nossa divergência começou porque Kleber Leite insistia em dizer que o vice-presidente de futebol do Vasco, Eurico Miranda, era o melhor dirigente do futebol carioca. Desnecessário entrar em detalhes sobre o padrão de comportamento do hoje deputado federal Miranda.
Outra divergência aconteceu porque Kleber Leite era um ardoroso defensor, como Miranda, dos falidos campeonatos estaduais e o colunista, há muito tempo, acha que eles devem ser simplesmente extintos em nome de um verdadeiro Campeonato Brasileiro, disputado em moldes europeus.
Pois, ainda no ar, Kleber Leite disse que já não defendia os estaduais e, fora, fez críticas ao comportamento de dirigentes como Miranda, indo mais longe.
Disse que está disposto a pôr o Flamengo como primeiro na luta pela modernização do futebol brasileiro, mesmo que isso custe bater de frente com seu amigo Ricardo Teixeira, que, aliás, estaria se divorciando de Lúcia Havelange, filha do imperador da Fifa, João Havelange -o que deve ter consequências em nosso futebol.
Seja como for, se, de fato, o Flamengo cumprir o que Kleber Leite promete, a coluna voltará a ser rubro-negra desde criancinha.

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