São Paulo, terça-feira, 3 de outubro de 1995
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Arnaldo Baptista entra na era digital

BIA ABRAMO
DA REPORTAGEM LOCAL

O relançamento em CD de "Singin' Alone", disco solo de Arnaldo Baptista gravado em 82, vem provar que a militância do ex-Mutante em favor dos amplificadores valvulados era uma batalha visionária.
Há 15 anos pelo menos Arnaldo faz uma defesa intransigente e apaixonada: os amplificadores valvulados, mais antigos, são superiores aos transistorizados, que utilizam circuitos eletrônicos e se tornaram moeda corrente a partir do fim dos anos 60.
Pois bem, o trabalho de recuperação da gravação original de "Singin' Alone" usou, justamente, equipamento valvulado.
Num estúdio que o produtor Peninha Schmidt classifica entre os 15 melhores do mundo, o disco primeiro passou por processadores a válvula. "A válvula é usada para recuperar os tons graves, médios e agudos. A música vem inteira, cheiona. Os sons ficam mais detalhados", diz Peninha.
O projeto -batizado de "O Ciborgue Valvulado na Era Digital"- de restauração da carreira solo de Arnaldo inclui também a remasterização dos dois trabalhos gravados com a Patrulha do Espaço: "Elo Perdido, gravado em 77 e só lançado em 88, e "Faremos uma Noitada Excelente", disco ao vivo de 78 lançado em 87.
"Singin' Alone" é o volume 1 e estará na loja até o final do mês que vem. Os planos para "Elo Perdido" e "Faremos uma Noitada Execelente" ficam para 96, ano em que se comemoram 30 anos dos Mutantes.
Os três discos foram recuperados por meio do mesmo processo: recuperação da "temperatura" musical através de equipamento "low tech" e, na outra ponta, eliminação dos ruídos e chiados pela tecnologia digital.
"Com o computador, um Macintosh, a gente passa o pano, tira a poeira. A tecnologia digital permite que se faça uma verdadeira reconstrução dos sons. Em uma das canções, que tinha o som de uma caixinha de música, pegamos nota por nota, tiramos a poeira e pusemos de volta", diz Peninha.
Para Peninha, a tecnologia está provando que Arnaldo, afinal, tinha razão em insistir nos valvulados. "Quem trabalha com som hoje sabe que tem que tratar determinadas coisas com válvula. Só ela consegue a qualidade musical. Essa volta que o mundo dá é maravilhosa", afirma.

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